quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Perseus Modernos

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Medusa

A palavra monstro advém do latim “moneri”, que significa “presságio”. A aparição de monstros em nós,é um presságio de aspectos sombrios que precisam ser trabalhados,muitas vezes aspectos sombrios de nosso “Eu” que transmutam-se em formas horripilantes esperando para serem encarados e enfrentados(da mesma forma que Persevs fez com Medusa,a Górgona).

O mito de Persevs é cheio de simbolismos e mensagens implícitas que auxilia-nos na peleja contra nossos próprios monstros e como enfrentá-los.

A Medusa, de acordo com a lenda, residia onde o Sol escondia-se no Horizonte e a Penumbra era uma constância.Entre o Mundo dos Vivos e dos Mortos.Tal localidade pode ser comparada com os limites da Luz do Consciente e a Treva do Subconsciente.Da mesma forma que Persevs devemos ir até esta localidade para encontrarmos nossa própria Medusa e destruí-la.

A figura da Medusa,com seus cabelos de serpente e presas pontiagudas e à mostra pode muito bem ser associada a nossos temores e medos.O facto de esta tornar em rocha todos que a olham pode muito bem ser a encarnação da sensação petrificante ao vislumbrarmos este medo aflorando em nós amiúde vezes.

O Escudo,dado a Persevs pela própria Deusa Athena,era tão polido que refletia tudo o que se projetava ante dele como um espelho.Tal escudo simboliza a capacidade racional de refletirmos sobre o Medo antes de enfrentá-lo de frente como fez Persevs.

É dito que a espada que decepou à Medusa,esta empunhada por Persevs,foi guiada pela Deusa Athena.Sendo Athena a encarnação da Sabedoria,isto representa que devemos ter Sabedoria ao destruirmos nossos Medos.

De acordo com algumas versões da história,ao aniquilar à Medusa Persevs libertou Pegasus que estava mantido cativo pela Górgona.O Pegasus é um símbolo de Liberdade,a Liberdade que adquirimos ao destruirmos o Medo que nos consumia ou reprimia antes.

O sangue da Medusa,foi dado a Asclépio, deus da Cura,e possuía tanto a capacidade de Cura como de Morte(o advindo da veia direita o de Morte e o da Esquerda o de Cura).Isto representa o aspecto dual do Medo.Sua capacidade de curar uma pessoa(estimulando a pessoa a encará-lo toda vez que surge e destarte matá-lo),ou de destruí-lo(estimulando o indivíduo a fugir deste quando tal surge).Está em nós a capacidade de sorver do “sangue bom”,e não do “ruim”.

O pior dos medos provavelmente é o do nosso “lado negro”.A negação e constante fuga do encaramento de nossos aspectos sombrios pode tornar-nos como Doutor Jekyll,da majestosa obra “O Médico e o Monstro” de Robert Louis Stevenson.Doutor Jekyll graças as forças do moralismo rígido e acéfalo da Sociedade Britânica em que estava inserido(esta muitíssimas vezes perfiladas pela Consciência Tolidora Cristã),tinha medo de encarar seu “lado mais obscuro” conscientemente,assim desenvolveu uma fórmula que permitia este renascer em uma nova “consciência” totalmente avessa da sua:Mister Hide(o vocábulo “Hide” vem do verbo inglês “hide” que significa “esconder” ou “escondido”,remetendo ao “lado negro” de Jekyll que encontrava-se escondido e renascido na figura de Hide).

O “lado Negro” de Jekyll ficou muitíssimo tempo preso nos recônditos de seu ser,e por sua vez quando deflagrado(liberto na figura de “Hide”),este provou-se cada vez mais forte até transformar-se em algo incontrolável e que podia transformar o pacífico e moralista Doutor Jekyll no agressivo e imoral Mister Hide.Certamente,caso Doutor Jekyll tivesse trabalhado com seu “lado negro”,em vez de negá-lo durante quase toda sua Vida não precisaria de uma Fórmula para transformar-se no maléfico Hide ou este jamais assumiria o controlo(pois não teria a Força de uma besta por anos enjaulada e que alimentou-se de anseios negros libertários enquanto esteve nos “grilhões” e assim quando ganhasse sua sonhada liberdade quiçá não tornar-se-ia o furacão inexorável que foi).

O satanismo contemporâneo surge com a premissa do Equilíbrio da Luz e da Treva presente em cada um de nós,e não sua negação.Para que como Persevs tenhamos a impavidez de destruir nosso medos de nosso “lado obscuro” e não tornemo-nos como o barroco “Dr.Jekyll” esperando qualquer estopim para termos um surto psicótico e tornemo-nos o psicopático “Mister Hide”.


Elementais, os Espíritos da Natureza

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ElementaisNa literatura ocultista, a mais compreensível e lúcida exposição sobre a pneumatologia oculta - ramo dedicado as substâncias espirituais — encontra-se no trabalho de Philippus Aureolus Paracelsus de Paracelso, príncipe do alquimistas e dos filósofos Herméticos, verdadeiro mestre do Segredo Real - A Pedra Filosofal e o Elixir da Vida. Paracelso acreditava que cada um dos quatro elementos primários conhecidos dos antigos — terra, fogo, ar e água, era constituído de um dois princípios: um sutil, vaporoso e metafísico; outro, de substância corporal grosseira e material.

O Ar possui dois aspectos: sua natureza tangível, atmosférica, e sua natureza intangível, o substratum, a essência viva volátil que pode ser denominado Ar Espiritual ou, ainda, Espírito do Ar. O Fogo é visível e invisível, discernível e indiscernível: espiritual, flama etérea manifestando-se através da chama material, substancial. Seguindo a mesma analogia, a água é, ao mesmo tempo, um fluido denso e uma potência essencial de natureza fluídica. Também a terra é um Ser fixo, terreno, imóvel, em um plano inferior da realidade; em plano superior, a terra possui um Espírito rarefeito, móvel, virtual.

O termo elemento tem sido, então, aplicado aos aspectos inferiores, físicos dos quatro princípios primários. O termo elemental, é aplicado às essências invisíveis, à constituição espiritual que, de fato, anima os quatro elementos. Minerais, plantas, animais e homens vivem e experimentam, normalmente, a realidade mais grosseira, meramente física, tangível dos quatro elementos... e das várias combinações destes elementos constroem seus organismos físicos.

Henry Drummond, em Natural Law in the Spiritual World, descreve o seguinte processo: "Se analisarmos o ponto material no qual começa a Vida, encontraremos uma estrutura clara, uma substância gelatinosa, albuminosa de albumina:proteína de alto valor biológico presente na clara do ovo, no leite e no sangue, como clara de ovo. Esta substância elementar na formação da vida é feita de carbono, hidrogênio, oxigênio e nitrogênio.

É o protoplasma; não apenas a unidade estrutural fundamental para o surgimento da vida em todos os corpos de todos os viventes, mas também, a substância que os constitui em si mesmo. Segundo Huxley, 'Protoplasma, simples ou nucleado, é a forma básica de toda a vida. É a argila do vaso'". O elemento ao qual os antigos denominavam, genericamente, ÁGUA, a moderna ciência chama de Hidrogênio; o AR, tornou-se Oxigênio; o FOGO, Nitrogênio e a TERRA, Carbono.

Assim como a Natureza visível é habitada por um infinito número de criaturas vivas, de acordo com Paracelso, também o Invisível, contraparte espiritual da Natureza Visível composto de tênues princípios dos elementos visíveis é habitado por seres peculiares chamados Elementais ou Espíritos da Natureza. Paracelso divide estes seres em quatro grupos: gnomos — ondinas — silfos e salamandras. Paracelso assegura que são entidades viventes.

Em suas formas, muitas lembram seres humanos. Seus mundos são distintos do mundo humano, ainda que coexistentes. O homem não percebe a dimensão existencial destes seres porque seus sentidos, sua percepção física é insuficiente ou não adequada à percepção da realidade metafísica — além ou, ainda, outra, que não é a realidade física.

Povos antigos, como os Gregos, Egípcios, Chineses, Indianos, acreditaram na existência de sátiros, duendes, fadas, demônios. Seus mares eram povoados de sereias; os rios e fontes abrigavam ninfas; fadas no ar; Lares e Penates no fogo, faunos, dríades e hamadríades* na terra. Espíritos da Natureza eram tidos em alta conta e rituais propiciatórios eram oferecidos a eles. Ocasionalmente, como resultado de condições atmosféricas ou pela sensibilidade especial de um devoto, podiam tornar-se visíveis. Vários estudiosos acham que muitos dos deuses pagãos foram/eram Elementais.

Os gregos davam o nome de dæmon a alguns desses elementais, especialmente de ordens superiores; estes, eram venerados. Provavelmente, o mais famoso desses dæmons é o misterioso espírito instrutor de Sócrates, ao qual o grande filósofo se referiu com freqüência. Aqueles que estudam a constituição invisível do homem acreditam que o dæmon de Sócrates e/ou o anjo de Jacob Böheme foram, não eram elementais; antes, foram reflexos da natureza divina ou Eu Superior dos próprios filósofos. ...

A idéia de que entidades, seres invisíveis envolvam e interpenetrem o mundo coexistindo com os seres vivos e inteligentes, pode parecer ridícula para a mente prosaica da contemporaneidade. Ainda assim, essa doutrina,da existência dos Elementais, é aceita por alguns notáveis intelectos do mundo. Os silfos de Facius Cardin, o filósofo de Milão; a salamandra observada por Benvenuto Cellini; o Pan de Santo Antônio; e o Pequeno Homem Vermelho, possivelmente um gnomo, de Napoleão Bonaparte; são figuras que têm seu lugar nas páginas da História.

A Literatura também tem perpetuado a idéia e a crença nos Espíritos da Natureza. Em Sheakesppeare, o malígno Puck, personagem de Sonho de uma noite de verão; os Elementais do poema rosacruciano de Pope, The rape of the lock; as misteriosas criaturas do Zanoni de Lord Lytton. O folclore e a mitologia de todos os povos possuem suas lendas sobre estas "figurinhas" que assombram velhos castelos, guardam tesouros nas profundezas da terra e constroem suas casas embaixo das grandes raízes das árvores e das orelhas de sapo* que brotam largas às margens dos lagos. As fadas, que encantam as crianças, já seduziram mentes notáveis que acreditaram em sua existência e ainda está aberta a questão sobre a crenças de Platão, Sócrates e Jâmblico nestas criaturas mágicas.

Paracelso, descrevendo as substâncias constituintes dos corpos dos elementais, distinguiu duas qualidades de matéria carnal: a primeira é aquela que todos os seres humanos herdaram de Adão. Essa é visível, a carne corpórea humana. A segunda qualidade de matéria carnal não procede de Adão; é mais tênue e não está sujeita às limitações da forma. O corpos dos elementais são feitos de uma carne trans-substancial. Paracelso diz que existe enorme diferença entre os corpos humanos e os corpos dos Espíritos da Natureza; tanto quanto diferem a matéria e o espírito.

Ainda, segundo Paracelso, "os Elementais não são espíritos porque eles têm carne, sangue e ossos; vivem e se reproduzem; eles falam, agem, dormem, acordam e, conseqüentemente não podem ser chamados, propriamente, espíritos. Estes seres ocupam um lugar entre Homens e Espíritos, são semelhantes a ambos; lembram homens e mulheres em sua organização e forma e lembram espíritos na rapidez de sua locomoção" - Philosophia Occulta, traduzido por Franz Hartman.

O ocultista chama essas criaturas de composita, referindo-se à composição, mistura de espírito e matéria. Paracelso faz analogia com a mistura de cores para explicar sua idéia. A mistura de azul e vermelho resulta em violeta ou roxo; o violeta não nem azul nem vermelho. É uma outra cor. No caso dos Espíritos da Natureza, eles combinam espírito e matéria resultando em um Ser que não é nem espírito nem matéria. São compostos de uma substância que pode ser chamada matéria espiritual ou o ether dos ocultistas e dos filósofos.

Paracelso explica, ainda, que enquanto o homem é constituído de diferentes corpos inter-agentes, cada um pertencente a um plano da Natureza, espírito, alma, mente, corpo — o Elemental possui apenas um princípio ou corpo, o corpo etérico, feito de éter, no qual ele vive. O éter ou ether, em ocultismo, é uma essência espiritual; nos quatro Elementos, o ether é a essência. Existem muitos ethers assim como há distintas famílias de Espíritos da Natureza dos Elementos.

As famílias existem em completo isolamento em seu próprio elemento sem intercurso com os habitantes de outros ethers; mas, tal como o Homem possui, dentro de seus próprios centros de consciência, sensibilidade para perceber manifestações e impulsos de todos os outros quatro ethers, é possível, para qualquer Reino Elemental comunicar-se com o Homem em condições apropriadas.

Os Espíritos da Natureza não podem ser destruídos por elementos físicos, como o fogo material, a terra, o ar, a água, isto porque sua existência se mantém e se caracteriza por um nível de vibração superior àquela vibração própria das substância terrenas. Sendo compostos por somente um elemento, o ether no qual funcionam, eles não têm ou não são espíritos imortais. Ao morrer, seu Ser simplesmente desintegra-se e retorna ou é reabsorvido no todo do Elemento no qual o Ser havia, originariamente, tomado uma forma individualizada. Nenhuma consciência individual sobrevive porque não havia ali consciência nem veículo para abrigar uma.

Sendo feito de uma só substância, o ether, os Elementais não sofrem a fricção e não sofrem de conflito, atrito, dialética... entre veículos; por isso, em termos práticos, os Elementais sofrem pouco desgaste do corpo ao longo do tempo; suas funções biológicas têm poucas possibilidades de danos a sofrer; por isso, vivem muito, alcançam idades avançadas. Os que vivem menos são aqueles compostos de ether da terra; os mais longevos são os Elementais do Ar.

A média de vida destes Seres está situada entre 300 e 1000 anos. Apesar destas diferenças, Paracelso afirma que os Elementais vivem em condições ambientais semelhantes àquelas experimentadas no mundo físico e estão sujeitos a adoecer. Em geral, são considerados incapazes de desenvolvimento espiritual mas, muitos deles, parecem ter demonstrado um elevado caráter moral.

Observações Gerais

Muitos antigos, diferentes de Paracelso, partilharam a opinião de que havia querelas, batalhas entre os Reinos Elementais e reconheciam essas batalhas nos fenômenos mais violentos da Natureza, que seriam o resultado dos conflitos entre os Elementais. Quando um relâmpago incidia em uma rocha, partindo-a, acreditavam que Salamandras estavam atacando Gnomos. Como os elementais não podem atacar um ao outro no plano de sua essência etérica peculiar [em seus ambientes], isso, devido ao fato de que não existe correspondência vibratória entre os quatro ethers dos quais cada um dos Reinos é composto, eles têm de atacar indiretamente a um denominador comum: a substância material do universo físico, [essa substância, fundamento atômico-molecular do ar bem como da pedra/terra, água, fogo/luz/calor], sobre a qual eles [os elementais] podem exercer certo poder.

As guerras também acontecem entre elementais do mesmo elemento, como Gnomos contra Gnomos. Os pensadores antigos, poder-se-ia dizer, até primitivos, explicaram fenômenos da Natureza aparentemente inexplicáveis e/ou incontroláveis, individualizando e personalizando as forças naturais, atribuindo a estas forças humores, temperamento, emoções semelhantes àquelas que assolam a alma humana.

O quatro signos fixos do Zodíaco eram assinalados pelos quatro Reinos Elementais [tal como os pontos cardeais]: aos Gnomos, corresponde o signo de Touro; às Ondinas, a natureza de Escorpião; às Salamandras, a constituição de Leão; os Silfos, receptores da emanações de Aquário.

A doutrina cristã dos primeiros apóstolos, evangelistas e Papas, reuniu todas as entidades Elementais sob o título, genérico, demon — demônios. Essa denominação errônea tem conseqüências de longo alcance, associando para sempre, no ocidente, a palavra demon à idéia de coisa do mal. No entanto, os Espíritos da Natureza, essencialmente, não são malévolos; não mais ou menos do que os minerais, as plantas, os animais. Muitos dos primeiros padres da Igreja asseguraram ter encontrado e travado debates com Elementais.

Já foi estabelecido que os Espíritos da Natureza não são imortais; não obstante, alguns filósofos afirmam que, em casos isolados, a imortalidade pode ser conferida a um elemental por um Adepto Iniciado que domine certos princípios sutis do mundo invisível. Tal como a desintegração dos corpos acontece no mundo físico, processo análogo ocorre no mundo etérico. Em condições normais, na morte, um Espírito da natureza simplesmente retorna, reabsorvido na primária essência da qual um dia emergiu individualizado.

Qualquer que seja o desenvolvimento evolucionário do Ser ele pertence unicamente à consciência da essência primária da qual o ser foi originado. Desprovidos de componentes humanos, veículo espiritual e veículo material, os Espíritos da Natureza são sub-humanos no aspecto da inteligência racional mas, por suas funções, limitadas a um elemento, resulta que se especializam em determinado tipo de inteligência superior à humana no que diz respeito ao Elemento que habita.


Os Espíritos Elementais


Sobre os ethers nos quais vivem os Espíritos da Natureza, escreve Paracelso: "Eles habitam os quatros elementos:

1. Nymphæ (Ninfas), na água;

2. Silfos, no ar;

3. Pygmies (Anões), da terra;

4. Salamandras, no fogo.

São também chamados respectivamente: Ondinas, Silvestres, Gnomos e Vulcanos. Cada espécie somente pode habitar [se mover] no Elemento ao qual pertence e nenhum pode subsistir fora do Elemento apropriado. O Elemento está, para o Elemental, como a atmosfera está para o Homem; como a água para os peixes e nenhum deles sobrevive em elemento pertencente a outra classe. Para o Ser Elemental o Elemento no qual ele vive é transparente, invisível e respirável, como a atmosfera para nós mesmos" - Philophia Occulta, traduzido por Franz Hartman.

É preciso atenção para não confundir os Espíritos da Natureza com as verdadeiras hordas vivas nos evolvendo nos mundos invisíveis. Enquanto os Elementais são compostos somente de substância etherica, os anjos, arcanjos e outras entidades superiores e transcendentais possuem organismos compostos, constituídos de uma natureza espiritual e uma estrutura de veículos que expressam o Ser destas entidades, diferente daquele Ser dos Homens, porque não inclui o corpo físico e suas limitações.

A filosofia oculta dos Espíritos da Natureza é considerada um conhecimento de origem Oriental, mais especificamente Bramânica e, portanto, indiana ou hinduísta. Paracelso assegura que seu próprio conhecimento sobre os Elementais veio do Oriente; ele os adquiriu durante suas viagens em busca de conhecimento. Egípcios e Gregos obtiveram suas informações da mesma fonte. Os quatro tipos principais de Espíritos da Natureza podem, agora, ser estudados separadamente, de acordo com os ensinamentos de Paracelso, Abbé de Villars e alguns outros poucos autores, entre os poucos que tratam deste tema.

Gnomos | Ondinas | Salamandras | Silfos

FONTE: The Elements and Their Inhabitants by THE SECRET TEACHINGS OF ALL AGES


Criptóides: eles sempre estarão entre nós

Chupa Cabra

Charlie Cox e Martin Sanders jamais viram um ao outro, apesar de terem vivido quase toda vida a menos de 10 milhas um do outro, no condado de Gloucestershire na Inglaterra. Durante alguns dias do mês de Outubro de 1976, ambos os fazendeiros tiveram juntos quase 60 ovelhas mortas por uma estranha criatura que assombrava seus rebanhos. A polícia local deixou de dar atenção ao caso quando ambos - mesmo não se conhecendo - deram as mesmas descrições do caso.

Disse Martin ao Daily Telegraph na edição de 27 de Novembro de 1976: Eu acordei com um barulho ensurdecedor de ovelhas correndo pelo pasto; eu tinha a certeza de que estavam sendo atacadas. Peguei o rifle e sai imediatamente para ver o que se passava. Um lobo de tamanho muito acima do normal, de cor branca e olhos amarelados perseguia meu rebanho.

Ele saía do nada, galgando como um típico animal de sua espécie, mas ao atingir certa velocidade, passava a perseguí-las apenas nas patas traseiras, de onde onde eu pude notar que nesta posição, apenas a cabeça mantinha-se na forma canina; tronco e membros eram muito parecidos como nós humanos. Era como um homem muito corpulento e muito, muito veloz. Todas as minhas ovelhas tinham ferimentos enormes no pescoço, totalmente drenadas de sangue.

O chefe de polícia de Gloucestershire admite que não conteve os risos:"Se tivesse sido o contrário; começasse correndo como um bípede e só então virasse um lobo, aí eu teria acreditado". Nosso país está mergulhado numa recessão econômica e altos índices de violência e você quer que eu dê atenção a dois caipiras lunáticos ? Casos criptozoológicos como esses acontecem aos montes ano após ano, e passaram a ter mais atenção da mídia quando pessoas como Jena Miller decidiram estudar e reportar com mais atenção os acontecimentos. Ela mesma, interessou-se pelo assunto após as férias "macabras" que vivenciou nos assombrosos templos do Império Khmer no Camboja, em 1999 quando lá esteve em férias com o noivo. "O nosso guia na ocasião, diz Jena, nos aconselhou a experimentar a atmosfera do local após o anoitecer, mas ter o máximo de cuidado com batedores de carteira."

Pareceu-me interessante, até avistar enormes felinos parecidos com aquelas panteras negras das quais eu já tinha ouvido falar sobre seus ataques em Ohio, EUA. O estranho no caso era o fato de terem asas. Levei meses para me recuperar do susto e acabamos encurtando nossas férias. Hoje sou mais esclarecida e sei quando se trata de fraude e de quando se trata de algo legítimo e excitante. Mas admito que ainda sou um pouco medrosa em relação a um contato mais direto com o assunto.

Douglas Shelton, 15 anos de idade, capturou um gato com asas enquanto caçava nas redondezas de Pinesville, West Virgínia. O bicho parecia amigável e nada feroz, exceto quando suas asas eram tocadas. Foi dado o nome de Thomas ao animal, e, não foi trocado mais tarde quando descobriu-se que ele na verdade era ela. O gato parecia um típico persa peludo, embora seu tamanho fosse bem maior do que o normal.

Quando um veterinário examinou Thomas pela primeira vez, pensou que tratava-se de uma simples e típica aberração da natureza, típica na maneira de dizer, pois patas extras, tamanho anormal de membros não é exatamente incomum na medicina veterinária. Uma ou duas avaliações a mais e o veterinário mudou de idéia.

Thomas tornou-se uma celebridade local. Chegou a aparecer no The Today Show mas parecia bem entediada. Foi oferecido 400 dólares por ela mas a família Shelton recusou, percebendo que poderia fazer muito mais dinheiro com a gata. Repórteres que queriam tirar fotografias tinham de pagar uma taxa. Alguns trocados também eram cobrados da vizinhança se quisessem ver o animal. A celebridade em que tinha se transformado o caso chamou a atenção da senhora Hicks, uma socialite local; ela alegava que Thomas pertencia a ela e que um amigo que deu o apelido de Mitzi para a gata poderia confirmar tudo.

O caso foi aos tribunais e no dia 5 de Outubro de 1959, ficou decidido que os Shelton deveriam devolver Thomas/Mitzi a família Hicks. Todos que estavam presentes à audiência, ficaram chocados ao perceber que quando foi aberta a caixa em estava Thomas/Mitzi, suas asas tinham desaparecido.

Mas sem dúvida nenhuma, o caso que mais deixa criptozoologistas perplexos ao redor do mundo, é o do Chupa-Cabra. A primeira descrição que temos destas criaturas, datam do ano de 1956 no estado do Arizona. Entre Fevereiro e Julho de 1975, foi a vez de Porto Rico sofrer com ataques bestias que deixavam litros de sangue na forma de rastros. New Jersey, New Mexico, Oregon, Florida, Michigan, Illinois, Texas, Brazil e México também entraram na rota do terror nos anos seguintes.

A maioria dos casos mostram animais mortos sendo feridos brutalmente na região do pescoço. Dois ou três furos é sempre o bastante. Não há mutilação. Nunca foi encontrado sinais de luta, o que mostra que o ataque do chupa-cabra é sempre eficaz e indefensável. As descrições da besta podem variar, mas a maioria aponta seu tamanho como superior a de um ser humano médio, olhos vermelhos e rosto oval.

As testemunhas ainda apontam o terrível odor exalado pela criatura, e que acaba impregnando o local do ataque; muitos criptozoologistas afirmam que pode ser parte de uma técnica para manter afastados os perseguidores, como atesta o mexicano Juan Solires, um ex-coiote de imigrantes que presenciou um ataque na fronteira com o Texas: "De longe o odor já é insuportável. Mesmo depois do ataque, dezenas de metros antes de chegar aos animais mortos, você já respira com uma dificuldade imensa. É impossível permanecer por perto dos animais por mais que alguns poucos segundos".

"Os imigrantes achavam que tratava-se de uma forma do governo americano nos assustar e não mais voltarmos para lá, era um dos locais preferidos dos ilegais; hoje ( fim da década de 90 ) o número de imigrantes ilegais que tentam atravessar a fronteira caiu muito por aquelas bandas, conclui Juan". Como sempre, a ciência deixa-nos a ver navios; não resolve nem esclarece o mistério, mas também não leva em consideração o trabalho suado dos criptozoologistas.

Como diz Jill Stefko, membro de um dos mais renomados e respeitáveis sites sobre o assunto: "O que seria do sinistro, do oculto, do mistério sem a ciência ? Séculos para desvendar o genoma humano, se a maioria dos estudiosos pagãos já fizeram isso muito tempo atrás; confio muito mais nos nossos instintos do que nos laboratórios deles”.


Guia de Evocação Mágica

Evocação MágicaEste é o segundo livro da Trilogia Hermética deixada por Franz Bardon. Em termos mágicos aqui ele oferece um guia prático para a comunicação com entidades elementais, espirituais e divinas. É possivelmente um dos mais completos estudos sobre evocação jamais escrito e uma das poucas maneiras de se contatar o que Bardon chamou de mestres universais.

Não apenas isso, mas o Guia de Evocação Mágica abre a porta para um fascinante universo espiritual e tudo aquilo que o adepto se preparou em sua jornada anterior na Iniciação ao Hermetismo.

Índice

Preparações para a Evocação

1. Introdução a Evocação Mágica
2. Os auxiliares à magia
3. O Círculo Mágico
4. O Triângulo Mágico
5. O Incensário Mágico
6. O Espelho Mágico
7. A Lâmpada Mágica
8. O Bastão Mágico
9. A Espada Mágica
10. A Coroa – chapéu, faixa do mago
11. A Vestimenta Mágica
12. O cinto mágico
13. Instrumentos mágicos adicionais

O Processo da Evocação

14. O pentáculo, Lamen ou selo
15. O livro das fórmulas mágicas
16. No Domínio dos Seres Espirituais
17. Vantagens e Desvantagens da Magia Evocatória
18. Os Espíritos Familiares ou Espíritos Servis
19. Os selos e a hierarquia dos seres espirituais

As Entidades

20. Seres dos quatro elementos
21. Algumas inteligências originais da zona circundante à terra
22. Os 360 chefes da zona circundante à terra


Psico

9 coisas que você deve saber sobre seu cérebro (Morte Súbita Inc.) 14/10/2009
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Transcedendo a Mente Tribal


O Livro da Perdição

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Traduzido (para o idioma inglês) por: Frater Algolis, O.A.I.

Publicado por: Ordo Algolis Interstellaris

Traduzido para o português por: Fenix Constant, Obito, Morbitvs


Caput Primum:

Sobre O Livro da Perdição


1.1. Eons atrás, muito antes da humanidade vagar por este planeta, existe uma irmandade de feiticeiros.

1.2. Eles são mestres em sabedoria, ciência e conhecimento até então ignorado pela história da humanidade.

1.3. Eles decidem tornar seu conhecimento acessível a todos aqueles que estão preparados, prontos, e são merecedores.

1.4. Portanto eles criam um livro que contém as chaves para todo seu poder, ciência, conhecimento, e sabedoria.

1.5. O nome deste livro é O Livro da Perdição.

1.6. Isto porque este livro significa a perdição de toda a servidão, mediocridade, e fraqueza.

1.7. O Livro da Perdição esteve acessível à humanidade desde que ela vaga por este planeta, primeiro como tradição oral, depois em cópias escritas ou na forma de ideogramas que foram muito bem guardados.

1.8. Ele existe em muitas formas e traduções.

1.9. Cada uma de suas formas contém as chaves para obter o conhecimento, poder e sabedoria do Antigo Império.

1.10. Com o poder do Livro da Perdição você receberá as chaves com as quais poderá trabalhar para ser admitido na Grande Ordem Interestelar de Algol.

1.11. A decisão é sempre sua.

1.12. Isto porque você é o único ou única que decide seu destino.

1.13. Se você acha que está preparado para o livro da perdição, você pode ir em frente para procurar as chaves que o auxiliarão a despertar seus poderes.

1.14. Se você ainda acha que tem de curvar-se perante alguma deidade, este livro não é para você.

1.15. Neste caso é melhor para você não continuar.

1.16. Leia o Livro da Perdição de forma intuitiva, livro por livro, e capítulo por capítulo.

1.17. Procure pelo significado nas entrelinhas, então as chaves lhe serão entregues e você encontrará seu mestre.

1.18. Abra seu ser ao Livro da Perdição!


Nota de Fr. Algolis: Atenção com itálicas e maiúsculas! São 18 versos por capítulo, o que equivale a três vezes 6 versos.

Caput Secundum:

A Ordem de Algol e Feitiçaria


2.1. Feitiçaria é uma ciência espiritual que engloba o todo do ser humano.

2.2. Ela implica em conhecer sua própria natureza e a natureza do universo livre para trazer a mudança que você quer em sua vida.

2.3. Esta mudança está sempre sob SEU controle, não sob controle de alguma deidade ou qualquer outro ser acima das nuvens.

2.4. Feiticeiros reconhecem-se como deuses, e agem de acordo com isto.

2.6. Isto significa que feitiçaria não é para o irresponsável, nem para o fraco.

2.7. Feiticeiros não adoram quaisquer forças do universo.

2.8. Eles as controlam!

2.9. Eles não curvam-se perante nada nem ninguém!

2.10. Portanto, se você acredita que precisa curvar-se perante alguma coisa, a Via Sinistra e as Artes Negras não são para você!

2.11. Os feiticeiros são os poderosos, os orgulhosos, e os abastados do universo.

2.12. Portanto eles não são religiosos de qualquer tipo.

2.13. A O.A.I. apóia a Ordo Algolis Interstellaris vel Infernalis.

2.14. Ela é uma ordem interestelar de magos negros mais antiga do que a humanidade.

2.15. Ela é para os orgulhosos, para os poderosos, e para os abastados.

2.16. Algol simboliza o princípio da energia criativa do universo no limiar da criação.

2.17. Algumas deidades que emanam de Algol levam indevido crédito por uma criação do passado.

2.18. Criada por Algol, a O.A.I. foi uma das mais poderosas forças criativas na história da humanidade.


Caput Tertium:

Imperium Infernalis


3.1. O verdadeiro poder se expressa em efeitos.

3.2. Não há necessidade de expressar-se em forma exterior.

3.3. A escolha é sua: usá-lo abertamente ou em segredo; nos dois casos você pode se beneficiar dos seus frutos.

3.4. Hierarquias de espíritos refletem processos de poder.

3.5. Com qualquer hierarquia de espíritos você tem as chaves para expressões específicas de poder.

3.6. No começo é o caos.

3.7. Algol é o portal do caos que cria os mundos.

3.8. O mundo cria abaixo o que o caos cria acima.

3.9. Deidades criadas sempre proclamaram a criação de mundos.

3.10. É assim porque deidades criadas não podem entender a si mesmas nem podem entender o tempo.

3.11. O Grande Império Infernal está entre o caos eo abismo.

3.12. Há quatro reinos principais do Grande Império Infernal.

3.13. O primeiro reino do Império Infernal é o governo Infernal, com Lúcifer, Belial, Satã, Beelzebub, Astaroth, e Plutão.

3.14. O segundo reino do Império Infernal é o domínio dos Sete Gran Duques do Inferno, cujos nomes são: Mefistófeles, Ariel, Anifel, Marbuel, Aziel, Aziabel, e Barbuel.

3.15. O terceiro reino do Império Infernal é o domínio dos Gran Ministros e Conselheiros Secretos do Inferno, cujos nomes são: Asmodeus, Leviathan, Baal, Belphegor, e Lucifuge.

3.16. O quarto reino do Império Infernal é o domínio dos Doze Duques, cujos nomes são: Ashmunaday, Kedemel, Set, Hasmoday, Sorath, Hekate, Lilith, Barzabel, Behemoth, Nambroth, Zazel, e Hismael.

3.17. Estude com atenção o que os espíritos da Hierarquia Infernal tem a dizer para você, e todos os poderes serão seus.


3.18. A estrutura da O.A.I. segue os princípios da Hiearquia Infernal e da mesma forma deveriam fazer todos os grupos do verdadeiro Via Sinistra, pequenos e grandes, do topo ao fundo.

Nota de Fr. Algolis: A Hierarquia espiritual de Algol de certa forma é refletida pelo grimório "the Threefold Coercion of Hell by Doctor Johannes Faust," traduzida para o inglês por K.H.W e sem versão atualmente em português. Entretando, os nomes dos espíritos infernais de certa forma foram distorcidos do original alemão clássico. A hierarquia da O.A.I. segue estes principios ancetrais como mostrado neste capítulo, assim como na hierarquia de todos os braços da O.A.I.

Caput Quartum:

O Alfabeto Infernal da Perdição


Parte 1: Letras de F a G

4.1. A primeira letra do Alfabeto Infernal é F; é governada por Lúcifer, que é o Imperador Supremo do Grande Império Infernal.

4.2. A segunda letra do Alfabeto Infernal é H; é governada por Belial, que é o Vice-Rei do Grande Império Infernal.

4.3. A terceira letra do Alfabeto Infernal é T; é governada por Satã, que é o Governante Supremo do Grande Império Infernal.

4.4. A quarta letra do Alfabeto Infernal é TH; é governada por Beelzebub, que é um Governante do Grande Império Infernal.

4.5. A quinta letra do Alfabeto Infernal é L; é governada por Astaroth, que é um Governante Supremo do Grande Império Infernal.

4.6. A sexta letra do Alfabeto Infernal é B; é governada por Plutão, que é um Governante do Grande Império Infernal.

4.7. A sétima letra do Alfabeto Infernal é K; é governada por Mefistófeles, que é um Gran Duque do Grande Império Infernal.

4.8. A oitava letra do Alfabeto Infernal é O; é governada por Ariel, que é um Gran Duque do Grande Império Infernal.

4.9. A nona letra do Alfabeto Infernal é Y; é governada por Anifel, que é um Gran Duque do Grande Império Infernal.

4.10. A décima letra do Alfabeto Infernal é A; é governada por Marbuel, que é um Gran Duque do Grande Império Infernal.

4.11. A décima primeira letra do Alfabeto Infernal é S; é governada por Aziel, que é um Gran Duque do Grande Império Infernal.

4.12. A décima segunda letra do Alfabeto Infernal é R; é governada por Aziabel, que é um Gran Duque do Grande Império Infernal.

4.13. A décima terceira letra do Alfabeto Infernal é M; é governada por Barbuel, que é um Gran Duque do Grande Império Infernal.

4.14. A décima quarta letra do Alfabeto Infernal é E; é governada por Asmodeus, que é um Gran Ministro do Grande Império Infernal.

4.15. A décima quinta letra do Alfabeto Infernal é U; é governada por Leviathan, que é um Gran Ministro do Grande Império Infernal.

4.16. A décima sexta letra do Alfabeto Infernal é N; é governada por Baal, que é um Gran Ministro do Grande Império Infernal.

4.17. A décima sétima letra do Alfabeto Infernal é I; é governada por Belphegor, que é um Conselheiro Infernal Secreto do Grande Império Infernal.

4.18. A décima oitava letra do Alfabeto Infernal é G; é governada por Lucifuge, que é um Conselheiro Infernal Secreto do Grande Império Infernal.

Nota de Fr. Algolis: É interessante notar que os sons destas letras são semelhantes ao das dezoito runas do sistema Armanen. Isto é a prova irrefutável de que este sistema é baseado na única escola autêntica de runas que já existiu. Entretanto a sequência dos sons é diferente da sequência das runas armânicas. A razão disso permanece um mistério para a pessoa não iniciada. Não restam dúvidas que estamos lidando com as chaves de mantras poderosos que são um grande complemento ao poder do sistema das únicas runas autênticas do planeta. Você deve aprender os símbolos e a pronúncia correta das letras para conseguir o efeito máximo dos mantras e feitiços em que usá-las. Os símbolos das letras do Alfabeto Infernal são apenas acessíveis aos iniciados da O.A.I. Note também que as primeiras dezoito letras se referem aos primeiros três reinos infernais. O número dezoito se refere ao cristal do mundo, que possui seis facetas no topo, seis facetas no centro e seis facetas na parte inferior. Os dezoito espíritos desses três reinos infernais são, portanto, as reais forças criativas do universo!

Caput Quintum:

O Alfabeto Infernal da Perdição


Parte 2, as Outras Letras e Usos

5.1. A décima nona letra do Alfabeto Infernal é C; ela é regida por Ashmunaday, que é um Duque do Grande Império Infernal.

5.2. A vigésima letra do Alfabeto Infernal é AE; ela é regida por Kedemel, que é um Duque do Grande Império Infernal.

5.3. A vigésima primeira letra do Alfabeto Infernal é D; ela é regida por Set, que é um Duque do Grande Império Infernal

5.4. A vigésima segunda letra do Alfabeto Infernal é UE; ela é regida por Hasmoday, que é um Duque do Grande Império Infernal.

5.5. A vigésima terceira letra do Alfabeto Infernal é Z; ela é regida por Sorath, que é um Duque do Grande Império Infernal.

5.6. A vigésima quarta letra do Alfabeto Infernal é I(*); ela é regida por Hekate, que é uma Duquesa do Grande Império Infernal.

5.7. A vigésima quinta letra do Alfabeto Infernal é X; ela é regida por Lilith, que é uma Duquesa do Grande Império Infernal.

5.8. A vigésima sexta letra do Alfabeto Infernal é J; ela é regida por Barzabel, que é um Duque do Grande Império Infernal.

5.9. A vigésima sétima letra do Alfabeto Infernal é P; ela é regida por Behemoth, que é um Duque do Grande Império Infernal.

5.10. A vigésima oitava letra do Alfabeto Infernal é Q; ela é regida por Nambroth, que é um Duque do Grande Império Infernal.

5.11. A vigésima nona letra do Alfabeto Infernal é W; ela é regida por Zazel, que é um Duque do Grande Império Infernal.

5.12. A trigésima letra do Alfabeto Infernal é V; ela é regida por Hismael, que é um Duque do Grande Império Infernal.

5.13. Aqueles que são dignos simplesmente conhecem e compreendem o Alfabeto Infernal da Perdição.

5.14. Isto porque o Alfabeto Infernal da Perdição é a chave deles para o Poder.

5.15. Conhecer o poder dos reinos infernais e seus soberanos lhe dará os meios para você fazer o que quiser.

5.16. Pratique o Alfabeto Infernal da Perdição e você condenará à perdição toda a hipocrisia deste mundo!

5.17. Una as letras do Alfabeto Infernal da Perdição e suas são as mais poderosas palavras que existem.

5.18. Assim é, porque eu sou Lúcifer, Imperador Supremo do Grande Império Infernal e eu escrevi este livro!

Nota de Fr. Algolis: Os mantras secretos de poder estão disponíveis a membros da O.A.I.! Estas últimas vinte letras referem-se às forças criadas do universo.

Direitos autorais de Frater Algolis, Pontifex Maximus Ordinis Caputis Medusae. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida em qualquer formato sem a prévia permissão por escrito do autor ou editor.

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Se você ousar violar estes direitos autorais ou quaisquer outros direitos da O.A.I. ou de material faustiano (Livro Mágico e de Milagres do Dr. Johannes Faust, ou O Corvo Negro ou The Threefold Coercion of Hell, Tarô Infernal do Dr. Johannes Faust, etc.), ou se você está em posse do Livro da Perdição ou qualquer material faustiano que tenha sido produzido violando estes direitos autorais, você será automaticamente alvo do mais poderoso ataque mágico a menos que você destrua este material! A armadilha mágica, provida pelos espíritos do inferno, está amplamente aberta e aguardando!

Você tem a permissão de usar este material, contanto que a cópia seja exatamente idêntica, com nada omitido, adicionado, ou alterado de qualquer forma.


quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Set

Set, Seth


Popularmente conhecido com a primeira encarnação histórica do diabo, o deus egípcio Set (ou Seth) possui a fama de ser o patrono do caos, da intriga e da violência. Não podemos contudo limitar sua expressão ao imaginário cristão e o objetivo deste artigo é se aprofundar um pouco mais em sua lendária figura.

A mitologia egípcia atribui a ele ao mesmo tempo o assassinato de seu irmão de Osíris e a fundação do Egito como civilização. O marido e irmão de Néftis nasceu rasgando o ventre de sua mãe Nut com as próprias garras e originalmente auxiliava Rá em sua eterna luta contra a serpente Apep.

Set era o Deus oficial da cidade de Tukh, que ficava há uns 35 km de Luxor, associada à cidade de Naqada há uns 4 km. Em Naqada há cerâmicas associadas ao estranho animal simbólico de Set. Isto no período pré-dinástico e na 1ª dinastia egípcia. Nesta cidade há uma enigmática “pirâmide”. Naqada não é apenas uma cidade, mas o nome que a egiptologia empresta a uma cultura local, que se estendeu por vasta região, realizando comercio com outros povos, especialmente com a Mesopotâmia. Naqada que se desenvolve desde 4000 A.C. corresponde à transição do período pré-dinástico que provinha da pré-história neolítica (desde 10.000 A.C.), até a primeira dinastia em 2920 A.C. Destarte, Set pode ser considerado um Deus extremamente antigo até mesmo para os padrões egípcios. Há controvérsias sobre a extensão do culto à Set no antigo Egito, porém indiscutivelmente a figura mitológica que conhecemos hoje como Set foi o Deus oficial da casa Real do Faraó Seti I.

Seti I foi um dos maiores Faraós do antigo Egito e reinou de 1305 à 1289 A.C., possuindo um dos mais misteriosos túmulos daquele antigo país de antigas memórias. Ele, Seti I era sacerdote de Set, e soldado. Set tinha um templo na cidade de Avaris, e Seti I reconstruiu este templo em opulência e poder. Seti I tentou desfazer a obra de Aknaton, aquele que tentou impor um Deus único ao antigo Egito... em um governo de paz e amor. Seti era um guerreiro, sacerdote do Deus guerreiro por excelência, o Deus Set.

Antropológicamente falando certamente não dá para dizer que os antigos egípcios eram politeístas no sentido grego do termo, isto é um reducionismo leigo. Sequer dá para falar que praticavam uma religião, termo muito desgastado e muito questionado pela antropologia, que prefere a categoria analítica "cosmologia de mundo". Para os egípcios, um rio não era apenas um rio, mas uma porta para tudo aquilo que o rio significava...assim também os Deuses, que se mesclavam uns aos outros como significados se mesclam em seus pontos comuns.

Portanto, Set era um Deus, sem a menor dúvida, mas o que era um Deus para os egípcios?

Certamente não era algo como percebemos hoje. Esta muito associado, segundo a egiptologia o indica, à experiência que os clarividentes tem, qual seja, ao olhar para algo eles vem tudo o que está associado a este algo....como se tudo fosse flídico. Na antiga religião egípcia o adepto religioso dizia, como sabe, Eu sou Thoth, Eu sou Set, Eu sou Isis, e assim por diante. Uma postura assustadoramente próxima a da aproximação do satanismo atual com os arquétipos.

Vale notar que no egípcio arcaico temos os termos naquela língua:

Se = homem
Set = mulher

Para um bom entendedor meia palavra basta, o Deus Guerreiro, senhor dos desertos em torno do Nilo habitável era um homônimo de mulher. Ora numa religião onde os significados se misturam. Em relação à noite, à lua em oposição ao Deus Sol, o Rá egípcio e ao Sol de Aknaton ou Aton como era chamado em oposição ao patriarcalismo semítico e até egípcio e além nas raízes de muita coisa hoje em dia. O satanista experiente lembrará agora do sétimo pecado satânico sugerido por LaVey, a saber a "Negligência dos Ortodoxos Passados" pois estas coisas não estão mortas só mudaram de nome. As egrégoras são muito versáteis.

Infelizmente para Set, após a invasão dos hicsos, estes se associaram ao Deus Set como sendo o Deus Hicso. Os hicsos foram muito odiados pelos egípcios pois foram muito cruéis em sua invasão e governo do Egito por eles conquistados. Quando os gregos invadiram por sua vez o Egito o identificaram ao Deus Tifon, arqueinimigo do Deus Zeus.

A serpente nunca foi um animal de Set durante o culto egípcio. Só tardiamente quando o Deus caiu em desgraça foi a ela identificada, pois Tifon era uma serpente. Com isto o mito e a egrégora de Set sofreu uma "demonificação" no mal sentido do termo num lento processo histórico que culminou com a formação do Templo of Seth nos anos 70, o primeira grande cisma da Church of Satan.


Satã, o Príncipe do Mal

Satanás


O mal é reconhecido por todos nós como aquilo que prejudica, aquilo que fere; o que se opõe ao bem, à virtude, à probidade e que nos afasta de Deus; aquilo que, concebido como externo a nós e fora de nosso controle, nos leva ao medo irracional e a superstições perigosas que, na maioria das vezes, põem em risco não só a nossa sanidade mental como a integridade física daqueles que nos cercam. Prova maior dos malefícios gerados pela insânia da superstição é a vergonhosa caça às bruxas efetuada na idade média e que levou à fogueira milhares de inocentes que morreram para aliviar o pânico de uma população acuada pela criminosa individualização externa de um dos aspectos mais profundos da alma humana: O Diabo.

Satã, o grande Príncipe das Trevas, aquele "através do qual o mal se faz presente no mundo" é, nos nossos tempos, a grande justificativa, projetada no meio, que alivia toda a culpa de um processo interno não condizente com os ditames da moral vigente. Pensamentos de avareza, desejos de vingança, lascívia e uma série de outros ditos "malefícios"são rejeitados pela nossa autocrítica e mecanicamente atribuídos a um ser externo que introduz estes aspectos na nossa alma "pura e santa", aliviando a pressão gerada pelo atrito entre a imagem que criamos de nós mesmos e aquilo que realmente somos.

Todo este atrito surge do pensamento dualista que gerencia as nossas vidas desde há séculos. Dividimos o mundo, simplisticamente, entre as forças do mal e as forças do bem, adotamos uma auto-imagem de "bonzinhos" como nosso ideal e, rejeitando nossa contraparte, aquela obscura e incompreensível, fingimos que ela não existia. Produzimos a desarmonia e acreditamos, ingenuamente, que não sofreríamos as conseqüências deste ato ilícito.

Hoje somos os filhos do caos, confusos e perplexos diante de nosso próprio Eu dividido e dilacerado pelo nosso consciente racional, mas ainda assim inalcançável à nossa mente linear e mecanicista, tentando justificar nossos atos "maus" através de uma figura lendária cuja única "culpa" é ser portador de cornos, ter seu corpo coberto por pêlos e ter cascos em vez de pés. Esta imagem o afasta daquilo que concebemos como harmônico e belo, tornando-o portanto a figura ideal para a projeção de toda a nossa desordem interior.

O significado de Satã tem, no entanto, uma abrangência quiçá equivalente aquela contida entre o céu e a terra, ou seja, muito maior do que "possa supor a nossa vã filosofia" e é na tentativa de resgatar este significado que este artigo inicia agora uma viagem através do túnel do tempo, buscando junto aos antigos a verdadeira imagem deste ser lendário, misto de terror e fascínio que povoa os recônditos mais obscuros de nossa própria alma.

Não seria demais aqui fazer um alerta em favor da suscetibilidade humana que ainda persiste no vulgo: ainda hoje há aqueles que podem vir a enxergar as palavras que seguem como arautas de uma heresia qualquer. Já aprendemos a não tentar convencer o vulgo. Porém convenhamos, diante de tantos absurdos e não sendo eu intelectualmente deficiente, apenas um caminho me resta, o do herege esclarecido.

A Origem de Satã

A humanidade, desde os seus primórdios, procurou saciar as suas angústias em relação a uma existência incerta através da criação de deuses que, detentores de todo o poder, pudessem protegê-la no presente e ao mesmo tempo dar-lhe esperanças em relação ao futuro. A elaboração destes seres divinos e poderosos, no entanto, trazia consigo uma outra problemática relacionada à presença do mal no mundo. Como justificar que os deuses protetores houvessem permitido que o mal penetrasse no reino sob seus domínios e ameaçasse seus devotos?

No mundo antigo esta justificativa se dava através de um conceito amplo do divino que englobava aspectos de luz e de sombras. Os deuses dos gregos, assim como os do Egito e os da Mesopotâmia, eram manifestações ambivalentes do Deus único. O mal e o bem procediam de um mesmo deus que, tal qual a imagem do andrógino, continha a união harmônica dos opostos. Os deuses, procedentes deste "Grande Pai", possuíam características boas e más, podendo tanto gerar e proteger quanto destruir. Estes filhos divinos do Deus único mostravam sinais do mundo celestial e do mundo subterrâneo, sendo este último associado ao mal.

Na antiga Grécia o rei dos deuses era Zeus Pater, o Júpiter de Roma. Como "pai celeste", Zeus podia tanto provocar as tempestades destruidoras quanto as chuvas fertilizadoras. A esposa deste deus, Hera, rainha dos deuses, possuía também esta mesma dualidade. Deusa ctônica, era identificada com a divindade Gaia, deusa da fertilidade e da natalidade. Somada à ambivalência ética este casal divino possuía também a ambivalência sexual, sendo Hera considerada o lado feminino de Zeus e vice-versa. Os filhos deste casal divino possuíam esta mesma dualidade ética e sexual, exemplos claros deste fato são Atena, Poseidon, Hermes e seu filho Pã que nos forneceu os dados arquitetônicos para a construção da imagem de Satã, alimentada pelo mundo católico cristão.

No mundo antigo a abrangência ética dos deuses não trazia a necessidade da personificação do mal, no entanto, com o "progresso"do pensamento religioso e a chegada do cristianismo esta necessidade tornou-se um mal necessário para a sobrevivência das novas religiões.

O pensamento cristão trouxe o conceito do Deus infinitamente bondoso que estava apartado de todo o mal, sendo assim, o único meio para justificar a existência do maléfico, entre os seus devotos, era através da criação de um outro ser que, tendo sido criado por este Deus único, usou mal o seu livre arbítrio, afastando-se dos desígnios divinos. Surge a explicação mitológica cristã mais conhecida de como o princípio do mal teria entrado em nosso mundo.

O livro de Enoch é um texto apócrifo escrito por volta do ano 200 a.C. que relata a história da queda dos anjos, narrando a entrada do Príncipe das Trevas no mundo dos homens. A história da queda dos anjos não fez parte do cânon cristão, no entanto, tornou-se a pedra fundamental de onde surgiram os ensinamentos posteriores sobre Satã.

Enoch relata que através de uma visão foi-lhe mostrado como um grupo de anjos, encorajados por seu líder Satanael, teria descido das regiões celestiais para a Terra. Em nosso mundo, eles teriam se apaixonado e copulado com as filhas dos homens, bem como, ensinado muitas artes e ciências, trazendo também o vício. Seus descendentes, frutos de seus interlúdios amorosos, ensinaram a iniqüidade sobre a Terra até o dia em que Deus decidiu provocar o dilúvio para punir os pecadores, condenando os anjos a viver nas sombras até o dia do Juízo Final. Aos poucos, os nomes da legião de anjos rebeldes foram sendo combinados para representar um único ser espiritual maligno, essência de todo o mal, Satã, cujo significado em hebraico é o adversário.

Aos poucos, o mito de Satã ganha expressão na imaginação do povo e por volta do século IX o diabo ocupa posição central na crença dos cristãos ocidentais. Os cristãos orientais davam pouco valor ao maligno, mantendo a fé de que todas as coisas, independente de parecerem boas ou más, vinham das mãos de Deus. Esta postura de fé acabou por custar-lhes a vida.

Na Europa medieval o poder de Satã era considerado imenso. Ele era Lúcifer, o grande anjo caído que ainda pretendia derrotar os planos de Deus e que sobre a terra produzia atos de maldade contra a humanidade. Aquilo que outrora havia sido apenas uma lenda agora toma ares de realidade aos olhos da população que se acreditava totalmente à mercê das forças do mal.

Alguns padres da Igreja consideravam o povo cristão como um exército de luz em eterno combate com o exército das trevas, pertencendo a este último todos aqueles que não professavam a fé cristã. Esta idéia foi a mola propulsora que provocou e justificou a violência contra os hereges, fossem eles judeus ou pessoas acusadas de bruxaria. O mundo passou a ser um campo de batalha entre Deus e Satã, antagonismos míticos que enlouqueciam a mente dos fiéis.

Na França esta onda de loucura teve como objeto de feroz perseguição os cátaros, povo considerado herege por acreditar em dois poderes eternos o Deus da bondade e o Criador do mal, criador do mundo material. Os cátaros acreditavam que o resultado da guerra no paraíso havia sido o aprisionamento dos espíritos celestiais em corpos terrenos, para serem transformados em seres humanos. O único objetivo do ser humano seria, portanto, o retorno ao lar celestial. Infelizmente, pagaram caro pela sua "heresia" e foram exterminados pelo "exército do Senhor". Tudo em nome de Deus!

O ato pecaminoso de trazer à realidade um mito tem conseqüências desastrosas e, até mesmo nos nossos dias, podemos perceber os reflexos sociais deste pecado primordial. Reflexo este, projetado no ressurgimento de seitas "cristãs" que tomam para si o direito de salvar as almas das garras de Satã, afirmando textualmente a sua existência, tal qual na idade média, se considerando coadjuvantes da eterna luta entre o Mal e o Bem. Esta posição dogmática preocupa a qualquer ser consciente de seus direitos, pois parece querer rever o terror religioso ditatorial de eras passadas e deve ser combatido, a fim de que aquela loucura de fé não ressurja jamais!

A Face de Satã

Os textos do Velho e do Novo Testamento nunca deram a Satã uma forma física. A idéia geral era a de que o diabo podia assumir a forma que desejasse, desde um lindo anjo, passando por uma mulher voluptuosa e uma serpente tentadora ou até mesmo um dragão horrendo das profundezas. No entanto, nenhuma iconografia ou retrato do Diabo, seja em pintura ou gravura, foi encontrada com data anterior ao século VI, e não se descobriu muita coisa a respeito antes do século IX, quando as representações dele crescem rapidamente. Um ponto focal do mal era bem melhor compreendido se ele fosse personificado. Para que esta personificação fosse possível era necessário trazer o mito à realidade, dar-lhe forma, uma aparência através da qual pudesse ser identificado. Nada mais conveniente a uma religião nova do que utilizar as formas de divindades religiosas antigas, a fim de representar o mal e apagar a influência destas mesmas divindades no meio social humano.

O cristianismo emergia num mundo pagão sexualmente vigoroso e, portanto, completamente ofensivo aos ditames cristãos nos quais o sexo, esta maravilha criada por Deus, era considerado pecado capital. Assim, onde procurar os elementos para a formação da imagem do mal, senão nas divindades pagãs de fertilidade que representavam a verdadeira essência da tentação? E foi assim que o alegre Pã se tornou vítima dos algozes cristãos, passando de divindade celestial, filho de Hermes, descendente direto de Zeus, a habitante dos reinos subterrâneos que buscava sempre arrebatar as pobres almas indefesas as quais, provavelmente, jamais haviam tocado flauta ou provado as delícias do maravilhoso entorpecimento provocado pelo vinho. A razão pela qual fazia esta diabrura estava, segundo a cristandade, no ódio incontido contra Deus. Convenhamos que este ódio devia ser uma coisa descomunal, pois cristãos amedrontados e reprimidos deviam ser companhias muito entediantes para este deus que festeja eternamente a alegria dos prazeres da vida!

Na mitologia grega, Pã, o filho de Hermes, tinha nascido com o corpo coberto de pêlos e possuía chifres, rabo e cascos de bode, além de uma pequena barbicha. Esta figura de Pã é exatamente o que até hoje se imagina como Satã, o Príncipe das Trevas. Este ser era um deus rústico que habitava os bosques e os campos sagrados, tendo como companhia pequenos diabinhos, seus filhos e filhas que pregavam peças nos seres humanos. Como um deus da natureza, era dotado de poderes de inspiração e profecia. Representava o desejo sexual com todo a sua força criadora e destrutiva, sendo vinculado, pelos olhos cristãos, com tudo o que havia de mau. Para piorar a sua situação na religião emergente, era considerado um dos companheiros de Dionísio, deus da fertilidade representado pela vinha, personificação do ciclo natural de morte e vida renovada, mortificação e êxtase. O bode também era sagrado nos ritos de Dionísio, sendo seus chifres sinal de fertilidade e poder. O formato de bode dado à figura de Pã era, portanto, duplamente diabólico.

Para o mundo cristão o deus rústico representava os excessos e a depravação, os vícios do mundo material, constituindo a imagem completa do paganismo, a figura ideal para ser associada ao mal. O paganismo, religião do demônio, tinha que ser destruída pelo exército de seguidores de Jesus. No momento da crucificação do Cristo, o deus Pã foi considerado como morto, embora o Diabo ainda se disfarçasse em sua figura e tivesse que ser erradicado da face da Terra.

Era sabido que Satã havia sido um anjo e como tal era portador de asas, mas estas haviam perdido as características de beleza e agora eram negras e desprovidas de plumagem, assemelhando-se às asas negras do morcego, criatura noctívaga e sinistra que povoava os pesadelos dos fiéis.

A delineação cristã tradicional apresenta o Diabo alternando nas cores vermelho ou preto. A cor vermelha caracterizava os adeptos de Seth, porém não seria errado supor que a cor vermelha fosse oriunda do fogo destruidor dos mundos infernais. A cor preta também representava Seth na forma de um suíno negro, assim como Dionísio era também, ocasionalmente negro, mas o preto de Satã pode vir da sua associação com as trevas, que simbolizam a morte e os terrores da noite.

O mundo subterrâneo associado a Satã representava nos povos antigos tanto a morte, quanto a fertilidade, tal qual a semente parece morrer ao ser tragada pela terra para, no tempo certo, renascer em forma de folhas e frutos.

O fogo do inferno é a representação clara do desejo sexual que potencializa a alma muito além das perspectivas impostas pela vã racionalidade humana. No entanto, como esta hipótese era entendida pelo cristão como uma submissão da alma aos instintos animais, ou ainda uma suposta depreciação dos anseios espirituais perante aqueles materiais, a possibilidade da alma transcender os limites da razão através do desejo sexual era vista como sendo um irretorquível sinal da perdição da própria alma, ou o inequívoco sintoma da danação derradeira do espírito.

Essa inversão de valores foi bem típica de todo o processo de catequese do ocidente, onde o sagrado tomou ares de sacrílego, quando os processos naturais da criação e da emancipação humana foram confundidos com a própria silhueta do "mal". Para ilustrar a forma com que os agentes desta, esta sim, perversão atuavam basta nos referirmos ao símbolo da virgem sexualmente imaculada que, numa absurda e singular forma de partenogênese humana, pariu uma criança redentora.

Não foi, portanto, meramente obra do acaso que a imagem de Maria Imaculada tornou-se o principal baluarte contra toda e qualquer tentação infernal relacionada à sexualidade humana, trazida à tona por Satã.

Satã ao redor do mundo

Nas diversas culturas que povoam o nosso planeta encontramos formulações a respeito do "Príncipe das Trevas." Esta sincronicidade mitológica entre culturas que jamais vieram a ter contato entre si talvez se deva, como gostaria de afirmar Jung, ao inconsciente coletivo; mas, por outro lado, talvez tenha como causa algum tipo de difusão cultural que ainda não se apresente ao nosso conhecimento.

O fato é que todas as culturas primevas que aceitaram o princípio divino reconheceram também a sua ambivalência, considerando o bem e o mal como fazendo parte de sua constituição. Esta ambivalência talvez tenha surgido, a princípio, da observação da própria natureza que tanto favorecia o homem, permitindo-lhe a sua subsistência, quanto o prejudicava, trazendo-lhe a destruição e a morte através das catástrofes naturais para ser, mais tarde, acrescida à necessidade de se explicar o advento do mal num mundo criado por um ser onipotente: Deus; talvez tenha ainda surgido da observação da própria alma do homem que parece sempre imersa no eterno dilema entre os opostos. As hipóteses aventadas como causa do surgimento da ambivalência divina são várias, mas o ponto básico para os antigos é único: Deus possui duas faces.

Deus, no mundo antigo, era a intercessão dos opostos; um ser tão poderoso que, contendo em si as forças antagônicas do universo, ainda assim era símbolo de beleza e harmonia superiores. Deus era aquele que continha em si tanto o princípio da criação, quanto o da destruição, sendo portanto imortal e dono de poder infinito.

No monoteísmo o Ser Supremo era visto como a reunião de duas tendências opostas em um só. No politeísmo estas mesmas tendências eram expressas em termo de muitos deuses que, sendo muitos, representavam apenas um grande deus: a mãe natureza.

O postulado expresso pela divindade ambígua é o de que todas as coisas, boas ou más, vêm de Deus. Na medida em que as pessoas passam a necessitar de um Deus bom e protetor passam a não atribuir-lhe o mal e criam a oposição de forças dentro da própria divindade, separando-a em dois eternos inimigos. Perde-se a unidade e esta perda é expressa nos eternos contos mitológicos da guerra no céu.

Com freqüência, um grupo de deuses, depostos por uma nova geração de divindades, é considerada como detentora do mal. No início da evolução religiosa indo-iraniana haviam dois grupos de deuses, os asuras (Índia) ou ahuras (Irã) e os devas. No Irã, os ahuras derrotaram os devas, tornando-se, o seu chefe, o Deus Superior. Na Índia, os devas derrotaram os asuras. Embora o resultado tenha sido diferente em ambos os povos, num sentido mais profundo o processo foi o mesmo. Um grupo de divindades foi vencido pelo outro e relegado à condição de espíritos maus.

Na tradição judaica, o livro de Enoch, onde se relata a queda dos anjos que rejeitam o paraíso e as ordens de Deus, é também o relato de uma guerra no céu. A rebelião é levada a cabo por vários líderes, dentre eles o príncipe Satanael que acaba por se transformar na personificação da essência de todo o mal.

A palavra Diabo vem de diabolos, termo grego que significa o acusador ou agressor e que traduzida para o vocábulo hebraico nos revela Satã, que significa: o adversário.

Assim como todos os demônios, Satã, nas diversas culturas sobre a face da Terra, era reconhecido como deus. Os primeiros egípcios chamavam Satã de "A Grande Serpente Satã", Filho da Terra, considerado imortal porque era regenerado todos os dias no útero da Deusa. Satã parece ter sido um aspecto oculto do sol, Horus-Ra, correspondendo à serpente Phyton, o aspecto oculto de Apolo. Ele foi o consorte fálico da deusa Sati, ou Setet, que corresponde ao aspecto virginal de Kali, e que dominou o Alto Egito que era conhecido como a Terra de Sati. O deus era também conhecido como Seth, o adversário de Osíris e que mais tarde é vencido por Horus. A serpente era também conhecida como a fonte da vida e vivia em uma yoni no templo de Isis, podendo ter uma função oracular, do mesmo modo que Python.

Satã era considerado freqüentemente como o alter-ego do deus Sol, o Sol Negro, espírito da noite e da morte. Ele era o deus que reinava sobre a noite. O molde é o mesmo em Osiris-Set, Apollo-Python, Anu-Aciel, Baal-Yamm, etc. O deus da noite era o adversário do deus do dia não porque ele fosse mau, mas sim porque ele era a fase adormecida deste mesmo deus.

Satã reaparece no folclore russo como a grande serpente do submundo Koshchei, a imortal. Ela era aquela a quem o Sol tinha que matar, do mesmo modo que o homem deseja matar o fantasma da morte com o qual empreende luta eterna.

Para os Hebreus Satã era um adversário no senso estrito da palavra, aquele que testava a fé dos homens. Originalmente Satã era um dos bene ha-elohim , filhos de Deus, mas posteriormente os tradutores bíblicos singularizaram o plural para ocultar o fato de que os primeiros Judeus adoravam múltiplos deuses.

Este filho de Deus foi identificado com Lúcifer pelas palavras de Jesus que afirma ter visto Satã descer à terra como um relâmpago.

Esta mesma associação é vivida pelos Persas no seu mito sobre Ahriman, a serpente-relâmpago que é expulsa dos céus pelo deus da luz. Os Persas acreditavam que esta serpente era o irmão gêmeo de Deus e esta idéia invadiu a tradição gnóstica e os livros de magia medieval que consideravam a palavra Satã como sendo um dos nomes místicos de Deus, assim como Messias, Adonai, Emmanuel, etc.

Os islâmicos chamam a Satã de Shaytan, aquele que governa a raça de djinn, os "gênios", que eram espíritos muito mais antigos do que o próprio Allah. Shaytan se rebelou contra Deus, segundo a lenda islâmica, quando Deus criou o homem e exigiu de seus anjos que estes adorassem ao homem, sendo expulso de seu reino.

Poderia aqui continuar minha narrativa enumerando, quase que interminavelmente, várias outras culturas que tiveram Satã como uma das suas mais importantes divindades, mas julgo que isto seria por demais cansativo para o leitor, embora fosse fonte de grandes descobertas a respeito deste ser que povoa nossas noites de sono. Importante, no entanto, é ressaltar que Satã, longe da imagem infantil que dele possuímos, tem uma grandiosidade peculiar que fez com que ele, ao contrário de outras divindades, sobrevive-se a todos estes séculos culturais, sendo reconhecido, venerado ou odiado, até mesmo em nosso século XX, a Era da Tecnologia e da Informação.

Satã, um "estímulo" ao cumprimento do dogma moral cristão

O cristianismo é uma religião voltada para o além túmulo, seus dogmas falam a respeito de condutas morais que devem ser seguidas para se alcançar o reino de Deus, cujo filho, Jesus, já afirmava que seus domínios não eram deste mundo.

Nos primeiros anos do surgimento da doutrina cristã acreditava-se que Deus havia criado dois reinos distintos, um pertencente ao Cristo e outro ao Diabo. O mundo material, tal qual o conhecemos, pertencia a Satã. Santo Inácio chamava o Diabo de "soberano deste mundo" e qualquer apego à matéria era considerado pecaminoso, um verdadeiro empecilho para a salvação eterna. O domínio de Satã não abrangia apenas os bens terrenos , mas se estendia principalmente aos seres humanos, cujas almas habitavam os corpos feitos do barro, substância da natureza do mal que expunha os devotos à tentação do material.

A crença literal nos dois reinos distintos criados por Deus levou à convicção de que haviam dois povos antagonistas em eterna luta no universo, os escravos do Demônio e os guerreiros da luz. Estes dois povos coexistiam no contingente terrestre, sendo impossível distinguir a qual povo pertencia cada pessoa, pois o mal podia se apresentar sob o disfarce do bem. Este dom diabólico que o adversário de Deus tinha para se mascarar era, exaustivamente, exemplificado através da lenda de Adão e Eva.

Neste relato mitológico a serpente prega o logro à mulher fazendo-a pensar que a mente daquele que fôra criado podia alcançar toda a onisciência do Criador.

Santo Agostinho foi um dos maiores apologistas desta hipótese dualista. Em a Cidade de Deus descreve o Cosmos dividido em duas cidades, a terreal e a divina. Na primeira habitavam os demônios e os seres humanos seduzidos por seus vícios; enquanto que na segunda moram os anjos bons e os ímpios. Relata ainda que o mundo em que vivemos é como que uma intercessão entre essas duas cidades, não sendo da ordem do humano distinguir quem pertence a cada uma delas. Afirma que não podemos sequer ter certeza sobre nós mesmos, visto que, estamos sujeitos a constantes mudanças.

O cristianismo era uma religião de ação, ou seja, uma religião de ditames comportamentais em que se dizia claramente o que se devia fazer ou não. Para garantir a obediência do rebanho era necessário criar algo ameaçador que aterrorizasse as ovelhas do Senhor em caso de não cumprimento da Lei.

Este algo ameaçador era Satã, a grande arma adotada pela Igreja para manter o rebanho na direção "correta" ou, pelo menos, naquilo que se considerava ser correto. A impossibilidade, exposta aos fiéis através de ensinamentos como os de Santo Agostinho, de obter a consciência sobre a sua própria natureza, levava o ser humano à constante dúvida sobre sua própria essência, mantendo-o sob o constante terror de poder sucumbir repentinamente aos ditames de Satanás. Sucumbir a Satã equivalia a ser condenado, por toda a eternidade, a viver as torturas do fogo do inferno, tão bem exemplificadas nas pinturas medievais. Nunca, em toda a história da humanidade, tão poucos escravizaram tantos!

Satã, foi o grande "estímulo" fornecido à humanidade pelos líderes cristãos em defesa da moral e dos bons costumes. E, infelizmente, até mesmo hoje, um símbolo nascido do anseio humano pela liberdade, continua sendo usado como elemento repressor da nossa natureza divina, presente de Deus.

Os escravos servirão!

A Tradição católica sobre Satã

Nas escrituras não se encontra definido se o Diabo deveria ser encarado como um espírito independente de Deus ou se como uma expressão simbólica dos baixos instintos que levam o pecado. No entanto, a interpretação realizada pelos padres da Igreja, no decorrer do desenvolvimento dogmático cristão, levou à concretização definitiva de Satã como um ser ontológico.

A Igreja desenvolveu uma doutrina sobre Satanás e os demônios que findou sendo ampliada pelo povo e endossada pela teologia, sendo propagada pela pregação e catequese.

Segundo este conjunto de princípios, Satã e seus súditos foram criados por Deus como espíritos livres, dotados de inteligência, pois eram desprovidos de corpo material. Os anjos caídos, assim como os homens, foram colocados diante da "opção" de se aceitarem como criaturas de Deus, tendo como bem supremo de sua existência a devoção do amor a Ele ou, recusarem-se a essa condição, negando o amor divino.

Alguns anjos disseram não à primeira hipótese e como castigo foram banidos para o inferno e apartados definitivamente de Deus. Esta é uma amostragem clara de que a palavra opção no cristianismo tem significado limitado, sendo induzida por ameaças sutis a respeito de torturas infernais. O inferno, neste tempo de início doutrinário, não era um lugar propriamente dito, e sim, uma condição de tormento do espírito que experienciaria para toda a eternidade o ódio e o desespero.

Satã e seus aliados, habitantes das profundezas infernais, eram acusados de tentarem a torto e a direito o indefeso ser humano, o qual, quando embebido em natureza maligna, acabava por se envolver nas malhas do Demônio, afastando-se de Deus. Eram também acusados de serem detentores do conhecimento oculto, podendo praticar atos ditos milagrosos que iludiam o pobre vulgo. As curas milagrosas eram consideradas conseqüência direta do exorcismo da alma adoentada, que fazia com que o demônio abandonasse aquele corpo. Na casa do Senhor não existe Satanás...

Desde o Vaticano II não existe mais um consenso comum na doutrina que trata de Satã e seus comparsas. Alguns teólogos insistem em adotar a interpretação medieval, outros recusam-se a acreditar na figura satânica, enquanto outros procuram dar-lhe uma "nova" interpretação, acentuando o seu aspecto interno.

Procuraremos falar dos primeiros, conhecidos como tradicionalistas, por considerá-los verdadeiros devotos de Satã, visto que, demonstram uma crença fervorosa na sua existência, recusando a despir-se de uma mentalidade pertencente à chamada Era das Trevas. Desejam ardentemente manter o ensinamento da Igreja intacto para todo o sempre, considerando-o um dogma de fé e, sendo assim, perpetuam eternamente a existência concreta daquele a quem tanto odeiam, ou quiçá amam, pois amor e ódio são duas faces de uma mesma moeda.

Estes seres, adoecidos pelo medo, advertem que num mundo em que não se acredita mais de forma convicta na figura ontológica daquele ser demoníaco é necessário ressaltar ainda mais a sua existência, com o objetivo de proteger o reino de Deus dos assaltos imprevistos de Satanás.

Estes pensadores extremados da Igreja, estes sim verdadeiramente demoníacos, defendem a idéia de que os mesmos atos de bruxaria que existiam no início da era moderna continuam acontecendo nos nossos dias. Reconhecem que houveram muitos erros judiciais na inquisição, mas que estes erros eram culpa do demônio que induziam os inquisidores ao erro. Mais uma vez, vemos aqui perfeitamente encarnada aquela figura de barba e chifres, já que nesse caso o Demônio faz as vias do bode expiatório.

Em um periódico católico austríaco, o pontífice máximo da Igreja Católica Apostólica Romana, papa João Paulo II, expõe seus ensinamentos a respeito de Satã datados de 1986: "Em toda a parte do mundo, os adeptos do demônio pervertem hoje o pensamento humano. Não há perversidade que não lhes venha à memória. O que leva as pessoas à magia, à cartomancia, bruxaria e culto a Satanás ? O Diabo é uma realidade." Segundo o "Divino Representante de Deus na Terra", qualquer pessoa que se aventure no reino conhecido como ocultista está sob a égide do Príncipe da Penumbra.

Guiados por esta mentalidade insana, milhares de pessoas hostilizam hoje a qualquer indivíduo que seja adepto das ciências sagradas, considerando-os como pertencentes à tropa de elite do Anjo Trevoso.

O preconceito não é prática de eras remotas, suas chamas ardem intensamente sob o manto da hipocrisia humana e, tal qual a fogueira das antigas inquisições, está presente na língua ferina do "povo de Deus" reunido nos movimentos cristãos e neo-cristãos. Estes movimentos, dentre eles as diversas seitas evangélicas e o movimento carismático católico, são como o revival de terrores passados. Estimulam o fanatismo e, ensandecidamente, resgatam a individualização exterior de uma característica obscura de nossa própria alma, Satã. Estaríamos nós diante de uma volta ao passado?

As Amantes de Satã

"No princípio era a Mãe, o Verbo veio depois" (Beyond Power - Marilyn French).

A primeira etapa na evolução sócio-cultural da humanidade nos fala de uma sociedade matriarcal. A fé representativa deste modelo social repousa na crença de que o mundo havia sido criado por uma divindade feminina, a Grande Deusa, conhecida por vários nomes, desde Géia, a Mãe Terra, na Grécia, até Nanã Buruquê que dá a luz todos os orixás, na África.

O culto à Grande Mãe exerceu grande fascínio através dos tempos e até mesmo na nossa era ele se mostra objeto de desejo. Este grande fascínio se deve ao fato de que a Deusa mãe é altamente permissiva, amorosa e não coercitiva. O homem, vivendo de caça e coletas, se mantinha em harmonia com a natureza, assimilando todos os prazeres de um Jardim das Delícias.

A mulher, representação da deusa na Terra, era considerada sagrada, ocupando lugar de destaque nesta cultura. A sua função biológica de dar à luz criaturas humanas era relacionado com a criação do mundo, levada a cabo pela Deusa, símbolo do feminino. O sexo era um ato sagrado, no qual, a mulher era veículo entre o masculino e o feminino, propiciando ao homem a sua união com a Criadora dos Céus e da Terra.

Esta cultura foi se modificando conforme os obstáculos à sobrevivência foram surgindo. Com o advento da sociedade agrícola, a necessidade de braços fortes para, não só cultivar a terra, mas principalmente para brigar por ela, modificaram os valores do sagrado e a Deusa foi se transformando, paulatinamente, em um ser andrógino, atingindo finalmente a forma de um Deus macho.

O declínio de poder da deusa foi acompanhado pelo declínio do feminino, passando, a mulher, de divindade terrena a escrava reprodutora, objeto de ganho material pelo crescimento populacional.

O cristianismo representa a concretização final do processo patriarcal, subjugando a mulher no seu último vestígio sagrado de outrora, a sexualidade.

O deus único e onipotente controla a vida dos seres humanos, cria o mundo em sete dias e, ao final, cria o homem. Só depois cria a mulher, a partir de uma costela torta de Adão. Ambos são colocados no paraíso e a queda deste mundo de paz e harmonia se dá pela sedução da mulher, que astutamente convence Adão a se render à tentação da serpente, Satã. A relação homem-mulher-natureza abandona o sentido de integração e adota o de dominação.

A partir deste contexto a mulher é vista em constante conluio com o demônio, tentando o homem e prejudicando a sua transcendência. Ela é ligada à natureza, à carne, seu corpo insinua o prazer sexual, o grande pecado. Como castigo, passa a parir com dor, sendo considerado este ato, outrora sagrado, como uma grande maldição, conseqüência da sua fornicação.

Maria, a mãe de Deus, é a grande arma da Igreja contra o feminino pecaminoso. Ela é um modelo criado para exemplificar a mulher perfeita. Esta mulher assexuada objetiva a concretização de duas ambições episcopais, abocanhar, através do arquétipo da Grande Mãe, aquelas ovelhas que ainda se mantinham fiéis a antiga religião, e anular o poder da sexualidade feminina, considerado ameaçador à estrutura eunuca e machista do catolicismo. Em Maria inviolada a sexualidade está abolida e, devido a isto, ela alcançou a graça de poder trazer à vida uma criança sem passar pelo transe de dor.

Além dos já expostos motivos religiosos, existia ainda um outro motivo para se anular a mulher, o domínio político.

Desde a mais remota antigüidade a mulher detinha o poder da cura, seu conhecimento a respeito de ervas medicinais lhe dava posição de destaque num mundo infestado por doenças e com pouco conhecimento médico, tal qual o conhecemos hoje em dia. As curadoras eram as cultivadoras ancestrais das ervas que devolviam a saúde a população e eram também as melhores anatomistas de seu tempo.

Na Idade Média passaram a constituir uma ameaça ao poder médico masculino que vinha tomando forma, através das universidades, no sistema feudal. Para complicar mais a sua situação este saber medicinal era transmitido oralmente através de confrarias femininas, onde se ensinava não só os segredos da cura do corpo, mas também da alma. Estas confrarias foram também fomentadoras de revoltas camponesas contra o feudos em formação, sistema político incentivado pela Igreja católica e protestante. Para alcançar este poder centralizador era necessário inibir a influência sexual e política feminina. Ressaltar a associação do feminino com o mal era não só uma necessidade religiosa, mas também política. O reinado cristão se sente ameaçado, surge a Inquisição.

Este vergonhoso episódio da história humana visava "ensinar" às massas o sistema de regras da conduta social vigente, submetendo-a aos excessos dos senhores feudais. E principalmente, submeter a mulher, haja visto que 85% dos bruxos exterminados eram do sexo feminino.

Era essencial ao sistema capitalista um rigoroso controle do corpo e dos excessos sexuais que tornavam o trabalhador indócil ao comando de seu senhor. Anula-se com isso a vontade do servidor, tornando-o facilmente manipulável. Mas para que o puritanismo fosse instalado foi necessária muita violência.

Até meados da Idade Média as regras morais cristãs ainda eram frouxamente seguidas pela população, havendo ainda muitos núcleos do paganismo. Segundo muitos estudiosos da época a "caça às bruxas" não constituiu uma histeria coletiva, como é propagado, mas sim, uma manobra política muito bem planejada pela classe dominante, a fim de se sedimentar no poder.

O Malleus Maleficarum, escrito em 1484 pelos inquisidores Heinrich Kramer e James Sprenger, torna-se o documento que orienta a horrenda perseguição, uma verdadeira bíblia para os inquisidores. Seu conteúdo trata das relações dos bruxos com Satã, ressaltando o papel da mulher como amante dedicada em permanente concubinato com Satanás. Suas teses são as seguintes:

1) O Demônio, com a permissão de Deus, procura fazer o máximo de mal aos homens a fim de apropriar-se do maior número possível de almas.

2) E este mal é feito prioritariamente através do corpo, único "lugar"onde o Demônio pode entrar, pois "o espírito [do homem]" é governado por Deus, a vontade por uma anjo e o corpo pelas estrelas. E porque as estrelas são inferiores ao espírito e o Demônio é um espírito superior, só lhe resta o corpo para dominar.

3) E este domínio lhe vem através do controle e da manipulação dos atos sexuais. Pela sexualidade o Demônio pode apropriar-se do corpo e da alma dos homens. Foi pela sexualidade que o primeiro homem pecou e, portanto, a sexualidade é o ponto mais vulnerável de todos os homens.

4) E como as mulheres estão essencialmente ligadas à sexualidade, elas se tornam as agentes por excelência do Demônio (as feiticeiras). E as mulheres têm mais conivência com o Demônio "porque Eva nasceu de uma costela torta de Adão, portanto nenhuma mulher pode ser reta"

5) A primeira e maior característica, aquela que dá todo o poder às feiticeiras, é copular com o Demônio. Satã é, portanto, o senhor do prazer.

6) Uma vez obtida a intimidade com o Demônio, as feiticeiras são capazes de desencadear todos os males, especialmente a impotência masculina, a impossibilidade de livrar-se de paixões desordenadas, abortos, oferenda de crianças a Satanás, estrago das colheitas, doenças nos animais, etc.

7) E esses pecados eram mais hediondos do que os próprios pecados de Lúcifer quando da rebelião dos anjos e dos primeiros pais por ocasião da queda, porque agora as bruxas pecam contra Deus e o Redentor (Cristo), e portanto este crime é imperdoável e por isso só pode ser resgatado com a tortura e a morte.

As estatísticas do genocídio são aterradoras. O pânico espalha-se pela Europa. Estima-se o número de execuções em seiscentas por ano para certas cidades, uma média de duas vítimas da fogueira por dia, "exceto aos domingos". O Martelo das Feiticeiras nos informa que novecentas bruxas foram executadas num único ano na área de Wertzberg, e cerca de mil na diocese de Como. Em Toulouse, quatrocentas mulheres foram assassinadas num único dia; no arcebispado de Trier, em 1585, duas aldeias forma deixadas apenas com duas mulheres moradoras cada uma.

Qualquer indício de que o Diabo estava por perto, como o aborto de alguma mulher, leite coalhado, morte do gado, estrago da colheita, eram motivos para se acusar de bruxaria a alguma pobre vítima, de preferência aquelas que ainda se mostravam um pouco afoitas na cama e mantinham uma certa liberdade do pensar. Não bastasse a morte cruel a que eram submetidas, sendo queimadas vivas na fogueira, eram levadas a torturas atrozes preliminares com o objetivo de que confessassem fornicações com o demônio.

Eram despidas de suas roupas e seu corpo nú raspado, sendo submetidas a procedimentos tarados e sexualmente perversos, gerados na repressão sexual da Igreja de Deus. Suas partes íntimas que, segundo o Malleus, não devem ser mencionadas, eram violadas com a desculpa de se procurar objetos enfeitiçados escondidos.

Após a confissão, arrancada sob tortura, a fogueira chegava a ser uma benção para estas mulheres, cujo único contato com o Demônio havia acontecido a algumas horas antes da sua morte, na pessoa dos seus inquisidores, "o exército santo do Senhor".

A mulher, após todo este período de repressão, passou a se tornar dócil e submissa, negando a si mesma o prazer da liberdade, não só sexual como social. Passa a transmitir a toda a sua prole as regras de sobrevivência, aprendidas a duras penas, obediência incondicional a Deus e submissão à Igreja. O poder eclesiástico atinge seu ponto máximo de domínio político e social.

Muito tempo foi necessário para que a humanidade retomasse o seu direito à liberdade e começasse a vivenciar o prazer sem culpa. E talvez seja apenas coincidência que, justamente em nossa época, quando a relação homem-mulher busca uma reintegração do poder sexual, surjam seitas cristãs enfatizando os perigos do sexo, bem como a existência real de Satã, o senhor dos prazeres corporais...

Conclusão

A idéia de um mal que espreita a vida humana, e que incita a deslizes esteve desde o princípio dos tempos ligada ao pensamento humano.

A teodicéia cristã criou a justificativa para a existência do mal, personificando-o na figura de Satã, enquanto o povo, agradecido, aliviava o fardo da culpa. E o sentido de transgressão era tão grande, alimentado que estava por dogmas puritanistas, que nos entregamos sofregamente à idéia de um foco externo que se opunha às nossas virtudes.

Passamos a assumir o papel de meras vítimas na calamidade espiritual que assola a humanidade. E da ação passamos para a inércia eterna, perturbada apenas pelo estímulo do malfeitor da humanidade, o Príncipe da Noite.

O abandono do papel de agente para assumir o papel do objeto sobre o qual se age, afastou de nós a responsabilidade pelos fatos do porvir. Assim, se algo bom acontece, é Deus que traz, se algo de mal ocorre, é o Diabo que o provoca. Esta inércia embota nossa mente e, qual cães bem alimentados, rejeitamos nosso livre arbítrio, desejando apenas obedecer. E obedecemos.

Obedecemos tanto que com o tempo esquecemos de nossa natureza, ou mesmo, daquilo que um dia ela fôra. Esquecemos que somos filhos de Deus e, como tal, uma raça de real nobreza, criados com o livre pensar para estarmos aptos ao livre agir, a fim de lutar pelas nossas raízes. Um homem sem raízes é um homem sem alma.

E foi isto que nos tornamos, autômatos, desprovidos de vontade, totalmente submetidos aos ditames de uma moral vigente e embotados por uma natureza animal poderosa, instigada pela repressão dos instintos promovida pelos diversos sistemas religiosos através dos séculos.

Hoje somos caóticos, abandonados à inércia de nossas vidas, bailando ao sabor das ondas e lutando desordenadamente pela sobrevivência.

Satã representa um espírito rebelde, um espírito do contrário, um espírito de luta. Satã é tudo aquilo que o preguiçoso e acomodado não desejam ver ou sentir. Neste âmbito, e tão somente neste âmbito, ele é o mal.

Satã é aquele que recusa o aconchego paterno e desafia a ordem estabelecida, afirmando intrepidamente poder superá-la em beleza e perfeição. É aquele que recusa o amor e enfrenta os tormentos da solidão, afirmando a sua própria vontade. É o dedo em riste que aponta para as nossas chagas, suscitando nosso orgulho. É o grito de rebeldia que se recusa a morrer e que, por vezes, surge na alma subjugada. Satã é aquele que se diz o agente ativo de um processo, recusando entregar-se mansamente à passividade. Satã ou Lúcifer, se assim o preferirem, é o portador da luz, aquele que oferece a sabedoria à entidade humana.

Sabedoria implica em busca que implica em esforço. Esforço representa luta e a luta, em seus meandros, traz a angústia. A angústia surgida da inconformidade pela nossa condição atual que se encontra muito aquém de nossas possibilidades. Esta inconformidade é o tormento real de nossa existência, o mal que tememos e que nos submete a uma condição inferior.

Satã simboliza a liberdade do pensar e do agir, condições necessárias para a busca do enlevo espiritual que estimula a existência da alma superior. Liberdade leva a responsabilidade e responsabilidade é tudo aquilo que o vulgo não deseja. E mais uma vez, neste âmbito, e apenas neste, Satã representa o mal.

O Príncipe das Trevas, como o próprio nome já nos revela, habita a escuridão. Aquele lado obscuro de nossa alma, simbolizado pela noite, e relegado por nós aos infernos abissais de nosso próprio ente. Resgatar este lado obscuro da constituição pessoal e trazê-lo de volta à luz é iniciar o processo de volta à reintegração do ser. Representa o abandono das dicotomias e o retorno à unidade, integração perfeita entre o homem e sua própria natureza, encetando a busca da harmonia estereotipada em Deus.

Qualquer tentativa de externar este aspecto de nosso espírito é eminentemente desastrosa e só pode trazer, agora sim, o mal. Este mal, vivenciado ao longo de nossa história através do fanatismo e da coação religiosa que acabou por gerar, na sua insânia, perseguições grotescas com o conseqüente extermínio de boa parte daqueles que, tal como nós, são filhos de Deus, nossos irmãos.