O Ano de 2007
Estamos ingressando no ano de 2007. No Tarô teremos a carta 2, A Sacerdotisa, e a carta 7, O Carro, O Triunfo. A primeira, também conhecida como Papisa, representa o princípio feminino Universal Espiritual. O número dois dessa carta nos faz lembrar que existe Luz e Sombra, a primeira grande dualidade. A polaridade do Todo: tudo é duplo, tudo tem dois pólos, tudo tem seu par de opostos. Os opostos são idênticos em natureza e diferentes em grau. Todas as verdades são semiverdades, todos os paradoxos podem conciliar-se.
O sete era o símbolo da vida eterna para os egípcios, não é só um número primo, como também é o único sem múltiplos nem divisores (exceto o um, claro). Sendo sete cores do arco-íris e as notas da escala musical diatônica, podemos considerá-lo como regulador das vibrações. É também o número dos dias da semana, dos planetas individuais (Urano, Netuno e Plutão são transpessoais) e dos metais principais. Sete é o número dos mistérios, da magia, integra o três (a trindade espiritual) com o quatro (a matéria). Enquanto a letra hebraica que representa o dois é Guimel, letra dupla feminina, de cor cinza, que em nosso alfabeto seria “G”. Significa “camelo” e representa simbolicamente a garganta: um canal vazio, uma matriz onde o ar vira som. Hieroglificamente, representa toda idéia de expansão e crescimento. A letra hebraica que é atribuída ao número sete é Cheth, também é feminina, de cor âmbar, significa “campo”, “recinto” ou “cerca”. Hieroglificamente, simboliza a existência elementar, o princípio da aspiração vital. Corresponde ao nosso “ch”.
O sete é um número transcendental, cabalístico, místico, esotérico, mitológico, simbólico e maçônico. O sete está inserido desde a criação do mundo, que foi feito por Deus em sete dias e também está representado pelo símbolo do Delta Sagrado. Na doutrina teosófica, o sete é o número dos ciclos evolutivos. Segundo John Heydon, o sete é um dos números mais prósperos, e também tem sido definido como “o todo ou inteiro das coisas à qual é aplicado”. Contudo, Pitágoras referia-se ao sete como o número Sagrado e Perfeito. Filolau dizia que o sete representava a mente. Macróbio considerava sete como o nó, o elo das coisas. Platão, em sua obra Timeu e Crítias, ensinava que do número sete foi gerada a alma do mundo. Santo Agostinho via nele o símbolo da perfeição e da plenitude. Também o deus Osíris era associado ao número sete, assim como as deusas gregas, Nêmesis e Adrastia, e o deus romano Marte.
Corresponde ao signo da balança (Libra), que é representado pelo símbolo da balança, emblema do equilíbrio.
Na Antiguidade, era o número dos monumentos das manifestações cósmicas: os sete planetas babilônicos; os sete céus (ymgers) de Zoroastro, entre tantos outros.
Rudolf Steiner dizia que Lúcifer, o Portador da Luz, do discernimento, Phosphorus, Fiat Lux, teve sete filhos… e que sacrificou sua integridade para permitir a criação dos sete planetas do Universo e as sete cores do arco-íris.
Não podemos nos esquecer dos sete chacras (centros vitais do corpo humano) e dos sete montes da mão.
No Bava Bathra, encontra-se o seguinte aforismo em relação ao som: “Um carneiro só tem uma voz (Méééé) quando está vivo (unidade), mas depois de morto seu corpo produz sete sons: seus chifres farão duas trombetas; seus fêmures, duas flautas; sua pele revestirá um tambor; o intestino grosso se transformará em cordas para lira; e o intestino delgado proverá as pequenas cordas para a harpa.
Sete é o número da idade do maçom no Grau 3 da Maçonaria. São sete as notas musicais – Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si. Não nos esqueçamos também dos sete Mestres da Grande Fraternidade Branca e dos sete principais Orixás. Poderíamos, assim, escrever um verdadeiro compêndio a respeito do número sete.
Na redução da Numerologia, a soma dos dois números tem como resultado o nove (2+7 = 9).
No Tarô, teremos na carta 9 O Ermitão ou Eremita, O Profeta eterno. Em muitas tradições, astecas, maias, taoístas e budistas, existem nove céus.
Parmênides dizia que o nove faz referência às coisas absolutas. Para os taoístas, é o número da plenitude. O Tao te King contém 81 capítulos (9 x 9). Podemos considerar o nove como o cinco (número do ser humano) sobreposto ao quatro (número da matéria), representado, assim, o aspecto mais espiritual e elevado do ser humano. Nove também é o número da inspiração, das relações harmoniosas e das artes plásticas, pois nove são as musas, que na Mitologia Grega representam o total do conhecimento humano.
A letra hebraica correspondente é Yod, segundo a Golden Dawn. É simples, branca e feminina e, no entanto, representa o princípio masculino no Tetragramaton. Corresponde ao “I”, ao “E” e o “J” da língua portuguesa.
No caminho cabalístico de Yod, ele une Tiphareth (a beleza) com Chesed (a misericórdia), o Arquiteto da Manifestação.
Aleister Crowley, em sua obra O Livro de Thoth – O Tarot, explica: “Yod é a primeira letra do nome Tetragramaton e este simboliza o Pai, que é Sabedoria; ele é a forma mais elevada de Mercúrio, o Logos, o Criador de todos os mundos. Conseqüentemente, seu representante na vida física é o espermatozóide e esta é a razão da carta ser chamada “O Eremita”.
A figura do próprio Eremita lembra a forma da letra Yod, e a cor de sua capa é a cor de Binah, na qual ele gesta. Em sua mão ele segura uma lâmpada cujo centro é o Sol, retratada à semelhança do Sigillum do grande Rei do Fogo (Yod é o fogo secreto). Parece que ele está contemplando – num certo sentido, adorando – o ovo órfico (de cor esverdeada) porque este contém o término do Universo, enquanto que a serpente que o envolve é multicolorida significando a iridescência de Mercúrio, pois ele não é só criativo, mas também é a essência fluídica da Luz, que é a vida do Universo.
O mais elevado simbolismo nessa carta é, portanto, a Fertilidade, no seu sentido mais exaltado, e isso é refletido na atribuição da carta ao signo de Virgem, que é um outro aspecto da mesma qualidade. Virgem representa a forma mais inferior, mais receptiva, mais feminina da Terra, e forma a crosta sobre Hades.
O signo atribuído a esse Arcano (O Ermitão), como já dissemos, é Virgem, signo da Terra, mutável e regido por Mercúrio. Trata-se do signo mais feminino e receptivo, vinculado a Deméter, Deusa Mãe. É também o nome de Céres na Mitologia Grega. Deméter é uma das filhas de Cronos, é a Deusa da terra fértil, dos campos e dos cereais, especificamente do trigo. O grão de trigo é o alimento básico utilizado para fazer a farinha e, com esta, o pão. Seu significado simbólico representa a Abundância, a Fertilidade e a Riqueza. Representa a chave da vida. Era uma das divindades mais antigas, associada a Gaia e a sua própria mãe, Reia. Seu culto era praticado em diversas regiões do mundo helênico, onde assumia os nomes de Cíbele (Frígia), Ísis (Egito) e Ceres (Roma). Como dissemos antes, Demeter teve sua filha, a deusa Perséfone, raptada pelo irmão de Zeus, Hades, o que a fez percorrer o mundo todo até reencontrá-la no submundo, na condição de rainha. Isso ocorreu na primavera, por isso Deméter simbolizou a terra cultivável. O verbo do virginiano é: “Eu discrimino”, e sua sentença interativa é: “Eu aceito e colaboro com a perfeição e a ordem Universal.”
Raul Seixas, em Love is Magick (tradução a seguir), escreve:
Amor é número cósmicamente mágico
Adicione, multiplique e divida.
Divida o número nove,
Adicione quatro e multiplique.
Amor é a resposta
Eu Sou Deus espalhando câncer
Sob a Vontade, Amor é a Lei.
Nas Runas
Hagalaz
A raiz indo-européia da palavra runa, run, significa “mistério” ou “secreto” Isso é mais visível em um dos seus derivados, raunen, que quer dizer “murmurar” ou “falar em secreto”.
Há outros sistemas de escritura comparados com as Runas: as Runas Húngaras e o alfabeto uniforme turco, chamado Runas Göktürk.
As Runas não representam um simples alfabeto de uma escrita antiga, cada letra é um símbolo sagrado e autônomo. Cada Runa representa um arcano ligado a entidades representativas de deuses da Mitologia Nórdica. Os símbolos, por sua vez, possuem uma energia individual e uma vibração características que se expressam na força específica de cada Runa. O campo vibratório altera-se na medida em que vários símbolos são conjugados para um trabalho em grupo. É essa força que estimula a intuição do runamal (cujo significado é a Runa falada, ou os intérpretes que faziam as Runas falarem, que recebiam esse cognome).
Contam as lendas vikings (grande povo conquistador da Antiguidade, cujos domínios se estendiam por todo o norte da Europa, principalmente nas regiões onde hoje estão localizados os países nórdicos: Noruega, Dinamarca e Finlândia) que os deuses moravam no Asgard, um lugar localizado no centro do mundo. Lá crescia a “Árvore do Mundo” ou Yggdrasil. As raízes eram desconhecidas e serviam de comunicação entre o planeta que habitamos e o Éden.
As Runas são miticamente associadas ao deus nórdico Odin, que adquiriu todo conhecimento secreto pelo seu ato de auto-sacrifício ao ficar pendurado por nove dias e nove noites na “Árvore do Mundo”. O número nove é um dos números lunares, que representa as três fases da Lua (crescente, cheia e minguante), multiplicadas por si mesmas. O sacrifício de Odin trouxe à Humanidade essa escrita alfabética antiga, cujas letras possuíam nomes e sons significativos, mas que jamais chegaram a ser uma língua falada.
Dessa maneira, a letra rúnica ou runastafr tornou-se enriquecida de intuições de acordo com o talento do praticante de runemal, a pessoa que domina a arte desse oráculo. O alfabeto rúnico consiste de 24 letras grafadas e uma pedra em branco, conhecidas como Futhark, que foram extraídas dos símbolos das seis primeiras runas: Fehu, Uruz, Thurisaz, Ansuz, Raido e Kano. O Futhark foi dividido em três grupos conhecidos como Aettir; eles receberam os nomes de três deuses nórdicos.
As Runas estão ligadas a várias divindades vikings: Odin, deus da morte, da sabedoria e da magia; Frigg, Deusa Mãe e mulher de Odin; Thor, deus do trovão e inimigo dos gigantes; Njord, deus do mar, da pesca e da prosperidade; Frey, deus da fertilidade e da boa fortuna, filho de Njord; Freya, deusa do amor e da beleza, irmã de Frey; Heimdall, guardião dos deuses; Baldur, deus mais jovem, do Sol e do verão, filho de Frigg e de Odin; As Nornes, três deusas que guardavam a “Árvore do Mundo”; Urd era muito velha e vivia olhando para trás (passado); Verdanki era uma jovem que sempre olhava para o presente; e Skuld viva encapuzada e possuía um pergaminho fechado que continha os segredos do futuro.
Com o passar do tempo e com o crescimento do Cristianismo, as Runas ficaram no esquecimento por mais de 300 anos. Atualmente, a tradição do runemal renasce, transformando-se num dos métodos oraculares mais famosos no Ocidente. Lembramos que as Runas são um oráculo, e como tal não dá previsões sobre o futuro; elas não lhe isentam da responsabilidade de escolher o seu próprio futuro, pois você tem o poder maior: “o livre-arbítrio”.
As Runas chamam a atenção para as forças e motivações ocultas, que já se encontram no momento presente, embora “misteriosa” ainda para você. O crescimento contínuo do materialismo e da tecnologia está despertando no mundo o sentimento de resgate das coisas sagradas, do “oculto”. As Runas agem como mensageiras, facilitando o nosso autoconhecimento e cultivando uma espiritualidade maior que nos liga ao Universo e ao verdadeiro propósito de nossa jornada: A Felicidade! Mais adiante, você conhecerá as runas.
A Madras em 2007
A Madras não pára. Nossos projetos continuam audaciosos. E neste ano de 2007 teremos muitas novidades.
Lançaremos o Tarô Mitológico, de Juliet Sharman-Burke e Liz Greene, com 78 cartas coloridas; o Tarô Comparativo em Seis Idiomas, de Valerie Sim, com 78 cartas coloridas; o Tarô dos Mestres da Magia, de Laura Tuan e Severino Baraldi, com 36 cartas coloridas.
A Coleção Mestres do Esoterismo Ocidental é outra novidade para os nossos leitores. São oito volumes, todos editados por Wagner Veneziani Costa: Emanuel Swedenborg, coletânea de Michael Stanley; G.R.S. Mead e a Busca Gnóstica, coletânea de Clare Goodrick-Clark e Nicholas Goodrick-Clark; Helena Blavatsky, coletânea de Nicholas Goodrick-Clark; Jacob Boehme, coletânea de Robin Waterfield; John Dee, coletânea de Gerald Suster; Paracelso, coletânea de Nicholas Goodrick-Clark; Robert Fludd, coletânea de William Huffman; e Rudolf Steiner, coletânea de Richard Seddon.
Na linha infantil, depois do tremendo sucesso da coleção Hello Kitty, lançaremos a Betty Boop, uma personagem única, criadora de vários costumes, entre eles a minissaia. O título inicial é: Como ser uma Betty Boop – O Guia Indispensável para Libertar a Boop que Há Dentro de Você.
Como a maior editora de Maçonaria no Brasil, lançaremos, somente no primeiro semestre, mais de 20 títulos inéditos sobre o tema, entre eles: Maçonaria – Escola de Mistérios – A Antiga Tradição e seus Símbolos, de Wagner Veneziani Costa, estreando nessa área; a obra contém 672 páginas, mais 8 coloridas; Maçonaria e o Nascimento da Ciência Moderna, de Robert Lomas; O Livro Completo dos Maçons, de Barb Karg e John K Young, Ph.D.; Ilha Secreta dos Templários, de Erling Haagensen e Henry Lincoln; Ofício do Maçom, de Surrey Shepperton; Origem do Arco Real – Grau do Arco Real Inglês (1876), de George Oliver; Golden Dawn – Aurora Dourada, de Israel Regardie; O Livro da Filosofia Oculta, de Henrique Cornelius Agrippa; e A Sombra de Salomão, de Laurence Gardner.
Lançaremos títulos sobre a Umbanda e os Orixás, tais como: Iniciação à Umbanda, Iemanjá e Ogum e Xangô e Iansã, de Ronaldo Antonio Linares, Diamantino Fernandes Trindade e Wagner Veneziani Costa; Jogo de Búzios, de Ronaldo Antonio Linares, entre outros. Também traremos ao nosso leitor, clássicos como Fulcaneli – O Mistério das Catedrais e Giordano Bruno – Acerca do Infinito, do Universo e dos Mundos. Enfim, proporcionar ao leitor a oportunidade de buscar novos conhecimentos e a “Verdade” onde estiver será sempre o propósito da Madras Editora.
Introdução
Para mim está claro que a realidade do mundo não
é una, eterna, mas múltipla, e múltiplo é o ser do
homem porque possuem uma pluralidade de impulsos e
instintos, cada um com sua perspectiva própria em luta
constante entre si.”
Meus Amigos, Irmãos, Irmãs, Frateres, Sorores, Parceiros, Leitores, Clientes e Fornecedores, recebam os meus mais Verdadeiros votos de Luz, Amor e Paz!!!
A humanidade está cercada de mistérios, de grandes enigmas, os quais alimentam nossa sede por saber, por novas descobertas. O que seria de nós, se não houvesse mais nada a conhecer, se mais nada houvesse para descobrir? O que faríamos com nossa curiosidade, com nossa sede por saber?…
… O saber é infinito, e nunca demais…
Existe um Mistério maior que você?
Quando falamos em Mistérios, abrangemos um “todo” muito maior do que estas linhas poderiam simplificar, ou até mesmo traduzir, a respeito de tantos segredos. Poderíamos falar de Atlântida e Lemúria, das pistas de Nasca, de Stoneheng, da Ilha de Páscoa, do Santo Graal, dos Templários, das embocaduras do Planeta (Agartha), de Machu Picchu, do Triângulo das Bermudas, de UFOS (discos voadores), Vodu, Espiritualidade, Mediunidade, Vampirismo, Satanismo, Ocultismo, Misticismo, Fantasmas, das Profecias, da Bíblia, da Esfinge, das Pirâmides, das Civilizações Antigas, do Cosmos, das Dimensões, do Céu, do Inferno, das Palavras, do Sucesso, dos Corpos Físico e Espiritual, da Vida, da Verdade, do Amor, de Mim e de Você… Enfim, poderíamos falar de milhões de Mistérios.
Mas, o que é Mistério?
A palavra “mistério” deriva do grego muô, o ato de fechar a boca. Cada símbolo relacionado aos Mistérios continha significados ocultos, uma vez que Platão e vários outros sábios (filósofos) da Antiguidade os consideravam altamente religiosos, morais e benéficos, integrando uma verdadeira Escola de Ética.
A Ética (palavra originada diretamente do latim, ethica, e indiretamente do grego, ethiké) é um ramo da Filosofia, e um sub-ramo da Axiologia, que estuda a natureza do que consideramos adequado e moralmente correto. Pode-se afirmar também que Ética é, portanto, uma Doutrina Filosófica que tem por objeto a Moral no tempo e no espaço, sendo o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana.
Os Mistérios mais difundidos na religião de mistério é uma forma de religião com arcanos, ou um corpo de conhecimento secreto. Nela, há um conjunto central de crenças e práticas de natureza religiosa que são reveladas apenas aos iniciados em seus segredos. Esses Mistérios eram comuns na antiguidade, como, por exemplo os Mistérios de Elêusis, o Orfismo, o Pitagorismo, o culto à Ísis, os cultos a Mitra e os gnósticos. Os druzos são um dos raros povos que ainda praticam uma religião de mistério. Sobre esses mistérios, sugiro a leitura de algumas obras editadas pela Madras, que podem contribuir para o seu conhecimento a respeito deles: Os Ritos e Mistérios de Elêusis, Dudley Wright; Os Mistérios de Ísis, deTraci Regula; Os Mistérios de Mitra, de Franz Cumont; A Biblioteca de Nag Hammadi – A Tradução Completa das Escrituras Gnósticas, de James M. Robinson; O Livro de Enoch – O Profeta; e Maçonaria – Escola de Mistérios – A Antiga Tradição e Seus Símbolos, de Wagner Veneziani Costa.
Os Mistérios de Ísis, de Orfeu, de Elêusis, de Ceres e de Mitra eram celebrados à noite, geralmente em grutas, labirintos e pirâmides. Tinham um caráter cósmico, cuja doutrina fundamental, dizia respeito à idéia de que “a terra é para o homem, simplesmente, um local de exílio, e o espaço sideral é a sua verdadeira morada”.
Formou-se, então, uma congregação de sábios, mundialmente constituída e que conservou, por milênios, a antiga sabedoria. A associação íntima da Ciência – notadamente a Astronomia – com os Grandes Mistérios é insofismável, haja vista o simbolismo astronômico empregado pelos seus adeptos.
O Papa Clemente de Alexandria (século II) afirmava que os Grandes Mistérios se referiam à Natureza e ao Universo – “Aí se completa toda a instrução, a natureza, e todas as coisas são vistas e conhecidas”.
O fato é que os Grandes Mistérios eram muito mais próximos da Ciência do que da Religião, que nessa época, pelo menos, era dirigida aos que ainda eram imaturos em questões relativas à sua inteligência e moralidade.
Por causa da grande dificuldade apresentada pelos símbolos e criptogramas referentes aos Mistérios e aos seus segredos, ao longo das eras, não se pode reconstituir o quadro das antigas iniciações. Resta-nos a palavra de Lúcio Apuleio (século II): “Não tenho nenhuma dúvida, curioso leitor, de que estás ávido por saber o que aconteceu quando eu entrei. Se me fosse permitido dizer-te e se te fosse permitido ouvi-lo, dentro em breve saberias tudo. Mas, no nosso caso, a minha língua teria de sofrer pela sua indiscrição, e os teus ouvidos, pela sua curiosidade”.
Filon, o Judeu (século I), acrescenta: “Os Mistérios eram conhecidos por revelarem a ação secreta da natureza”.
E o autor Andrew Thomas complementa: “É evidente, pelos documentos históricos precedentes, que as Escolas de Mistérios não só abriam os olhos para o EU subliminar e elevavam o homem a um plano cósmico de consciência, como também lhe davam uma instrução científica e dados precisos sobre a história desconhecida da humanidade”.
No Timeu, de Platão, Sólon abre uma brecha no segredo, dizendo que os sacerdotes egípcios lhe atribuíram cronologia datada de nove mil anos anteriores à sua época. Thomas pressupõe registros históricos e egípcios cobrindo várias eras.
Os Rishis Hindus
A Índia tornou-se no foco irradiador da tradição dos “diplomados da Universidade da Humanidade”, dando-lhes o título de RISHIS.
Um dos livros mais antigos da Índia e da Humanidade é o Avatumsaka Sutra. Esse livro relata o seguinte: “Desde o início da civilização, o homem confunde a mentira com a verdade. Para esclarecer essa situação convenientemente, foi criado um sistema secreto do saber, o qual foi denominado “Alaya Vijnana”. Fez-se uma pergunta: Quem detém o saber? O texto desse livro responde: “Os Grandes Mistérios do Himalaia” (Senhor Shiva).
“Se bem que invisíveis aos olhos dos homens comuns,
esses Seres são visíveis para os videntes, e os ‘puros
de coração’ podem comunicar com eles.
Como sentinelas silenciosas, colocados no Himalaia,
Muralha da Terra, eles velam com um divina
compaixão, até que a noite de Kali Yuga
termine a sua ronda ainda longa e se levante
o dia de uma nova aurora
sobre todas as nações”.
(Ewans-Wentz – Tibet’s Great Yogi Milarepa).
Atualmente, o Kali Yuga nos seus estertores sufoca toda a humanidade globalizada. O alerta de Ewans-Wentz, um dos grandes mitólogos e orientalistas, muito bem capacitado, soa como uma “previsão” nos nossos ouvidos, que foi confirmada recentemente por um livro que elenca as etapas já vividas pela história da Humanidade e indica a próxima fase que governará todo o globo terrestre, forçosamente, quer queiram todos os habitantes da Terra ou não. O futuro irá nos apresentar o momento do nascimento de uma nova etapa, importantíssima: A ERA DO SABER.
A Era do Conhecimento
Lester C. Thurow, um dos professores mais respeitados de Economia do famoso Massachussets Institute of Technology (MIT), com toda a sua autoridade internacionalmente conhecida, revela isto no seu livro O Futuro do Capitalismo. Ele afirma e dá detalhes do que o nosso futuro nos reserva, irremediavelmente. Coincidência! Dirão os céticos, esquecidos ou ignorantes de que as coincidências não existem!
“O mestre arranca as raízes da árvore do mal com a espada da sabedoria”, ele pertence à Trilha Sagrada do Guerreiro de Shambhala, no dizer de Chögyam Trungpa.
“Os lendários Mahatmas (grandes almas) do Himalaia não são iniciados isolados, mas membros de uma confraria consagrada à ressurreição espiritual da humanidade. Esta foi, pelo menos, a crença geral dos povos da Índia e do Tibete.” (Andrew Thomas – Shambala – A Misteriosa Civilização Tibetana)
“Os membros da confraria não são onipotentes nem tirânicos. Não fazem mais do que influenciar, impelir, persuadir, refrear. Os seus instrumentos são a lei natural, e as matérias com as quais trabalham são os desejos, as esperanças, os receios, as paixões, os apetites, as antipatias e os ódios, os motivos egocêntricos e os projetos da humanidade que, no seu conjunto, se inclinam ainda para os ídolos do teatro, do covil, do mercado, da tribo, cuja vontade é o impulso brutal das reações patológicas e que, mentalmente, ficou um pouco acima dos caçadores de mamutes. Os homens que têm abertos os olhos da compreensão cooperam com eles, mas homens desses são raros. São os diplomados pela Universidade da Humanidade”. (Walter Owen)
Pitágoras citou uma viagem de Apolônio de Tiana a uma longínqua região do Himalaia (certamente o Tibete), onde esse sábio, cuja vida é confundida por muitos criacionistas com a de Jesus Cristo, hauriu ensinamentos de preciosa sabedoria.
Pitágoras e Apolônio foram adeptos de um sistema antiqüíssimo de instrução iniciática denominado “Os Grandes Mistérios”.
Os Pequenos Mistérios eram vividos pela população em seus cultos populares, entretanto, os Grandes Mistérios englobavam os espíritos elevados de homens cultos que eram capazes de se elevarem acima do nível das massas: homens como Pitágoras e Apolônio de Tiana. Segundo Celso (século 2): “Deixai aproximar-se aquele cujas mãos estão puras e cujas palavras são sábias”.
“Vós, ó Iniciados, vós cujos ouvidos estão purificados,
recebem isto nas vossas almas como um mistério que
jamais deve ser perdido! Não o reveleis a nenhum profano!
Guardai-o e conservai-o em vós mesmos com
Um tesouro incorruptível, não como o ouro e a
Prata, mas mais precioso do que qualquer outra
Coisa – porque é o conhecimento da Grande
Causa, da Natureza, e do que nasceu das duas.”
Filon, o Judeu.
“A maior parte da filosofia grega teve a sua origem nos Mistérios do Egito”. Pitágoras e Platão tiveram como mestres os Grandes Sacerdotes do vale do Nilo.
“Heródoto, o Pai da História Antiga, falou dos Mistérios com grande respeito: “Imponho-me um profundo silêncio acerca desses Mistérios, a maior parte dos quais não são conhecidos”. Platão disse numa carta a Denys, o Jovem – “Devo escrever-vos em enigmas, para que a minha missiva, se for interceptada, por terra ou mar, não possa, em nenhum grau do conhecimento, ser entendida por aquele que a ler”. Os Mistérios usavam a linguagem hermética.
No Livro dos Mortos Tibetano, o doutor Ewans-Wentz diz: “Desde os tempos mais remotos existe um código internacional secreto de símbolos de uso comum dos iniciados, que dá a chave da significação dessas doutrinas secretas, símbolos que ainda são ciosamente guardados pelas confrarias religiosas da Índia, do Tibet, da China, da Mongólia e do Japão”. (Lama Kazi Dawa-Sandup – O Livro dos Mortos Tibetano, Madras Editora, 2004).
Pitágoras trouxe da Índia a doutrina da reencarnação e houve trocas de conhecimentos entre os iniciados da Ásia com os da bacia do Mediterrâneo, mesmo se levando em consideração as enormes distâncias que os separavam. Cícero e Virgílio opinaram sobre a reencarnação como sendo a expiação ou a glorificação de atos cometidos em vidas passadas. Deduz-se que essa idéia se originou na Índia, com a qual Grécia e Roma mantinham contatos comerciais e culturais. A doutrina da reencarnação surgira em Cretona, Itália, muito subitamente.
Durante as cerimônias de iniciação aconteciam coisas notáveis, é o que nos contam os autores clássicos, como Platão, em Fedra: “Tornamo-nos espectadores de visões perfeitas, simples, imutáveis e abençoadas, que consistem uma pura luz”.
Procles (século V) afirmava: “Os deuses apresentam muitas formas de si próprios, aparecem sob aspectos variados e por vezes oferecem à vista apenas aparência de uma luminosidade sem contorno”.
Sócrates dizia: “Quem estabelecia os Mistérios eram homens de grande gênio”.
Manifestaram-se também: Píndaro, Plutarco, Eurípedes, Aristóteles, Cícero, Epicteto, Marco Aurélio e muitos outros. É um fato histórico, portanto, o respeito dos homens que constituíram a Idade Clássica da História da Humanidade, a grande ciência, o imenso saber e a alta filosofia das Escolas de Mistérios egípcias.
Mistérios de Elêusis
Em tempos imemoriais, uma colônia grega vinda do Egito havia trazido para a tranqüila baía de Elêusis o culto da grande Ísis, a deusa egípcia, sob o nome de Deméter ou mãe universal. Desde esse tempo, Elêusis ficou sendo um centro de iniciação.
Os Mistérios de Elêusis eram segredos ciosamente guardados, protegidos por sanções, tais como a morte para qualquer pessoa impura que espiasse os ritos sagrados, ou o confisco das terras de um iniciado que revelasse os segredos do culto.
Deméter e sua filha, Perséfone (Céres e Prosérpina para os romanos), presidiam os pequenos e os grandes mistérios. Daí seu prestígio. Muitos desses mistérios ainda não foram desvendados; no entanto, no grande complexo de templos de Elêusis, notadamente no grande Templo de Deméter, o Telesterion, os estudiosos têm descoberto esculturas e pinturas em vasos que representavam alguns desses ritos.
Se o povo reverenciava em Deméter, a terra-mãe e a deusa da agricultura, os iniciados viam nela a luz celeste, mãe das almas e a Inteligência Divina, mãe dos deuses cosmogânicos. Os sacerdotes de Elêusis ensinaram sempre a grande doutrina esotérica que lhes vinha do Egito, da qual a Maçonaria é a grande depositária nos dias atuais. Esses sacerdotes, porém, no decorrer do tempo, revestiram essa doutrina com o encanto de uma mitologia plástica, repleta de beleza.
A doutrina da vida universal
O ritual dos Mistérios de Elêusis encontrava expressão na lenda da deusa Deméter e sua filha Perséfone, raptada por Hades (Plutão), rei do Mundo Inferior, quando colhia flores com suas amigas, as Oceânidas, no vale de Nisa. Deméter, ao tomar conhecimento do rapto, ficou tão amargurada que deixou de cuidar das plantações dos homens aos quais havia ensinado a agricultura. Os homens morriam de fome, até que Zeus (Júpiter), que havia permitido a seu irmão Hades raptar Perséfone, resolveu encontrar uma forma de reparar o mal cometido. Decidiu, então, que Perséfone deveria voltar à Terra durante seis meses para visitar sua mãe e os outros seis meses passaria com Hades. Outros dizem que ela ficaria quatro meses do ano com Hades e os outros oito meses na Terra com sua mãe.
O mito simboliza o lançar sementes à terra e o brotar de novas colheitas, uma espécie de morte e ressurreição. No seu sentido íntimo, é a representação simbólica da história da alma, de sua descida na matéria, de seus sofrimentos nas trevas do esquecimento e depois sua reascensão e volta à vida divina.
É a Doutrina da vida Universal, que se encerra no simbólico grão de trigo de Elêusis, que deve morrer e ser sepultado nas entranhas da terra, para que possa renascer como planta, à luz do dia, depois de abrir caminho através da escuridão em que germina.
É a mesma doutrina pela qual o candidato, tendo passado por uma espécie de morte simbólica na Câmara de Reflexões, renasce para uma nova vida como maçom e progride por meio do esforço pessoal, dirigido pelas aspirações verticais que são simbolizadas pelo prumo.
As Deusas e os Deuses na Wicca
Para a Wicca, existe um Princípio Criador que não tem nome e está além de todas as definições. Desse princípio, surgiram as duas grandes polaridades que deram origem ao Universo e a todas as formas de vida: Princípio Feminino ou Grande Mãe.
A Grande Mãe representa a Energia Universal Geradora, o Útero de Toda Criação. É associada aos mistérios da Lua, da Intuição, da Noite, da Escuridão e da Receptividade. É o inconsciente, o lado escuro da mente que deve ser desvendado.
A Lua nos mostra sempre uma face nova a cada sete dias, mas nunca morre, representando os mistérios da Vida Eterna.
Na Wicca, a Deusa se mostra com três faces: a Virgem, a Mãe e a Velha Sábia, sendo que esta última ficou mais relacionada à bruxa na imaginação popular. A Deusa Tríplice mostra os mistérios mais profundos da energia feminina, o poder da menstruação na mulher, e é também a contraparte feminina presente em todos os homens, tão reprimida pela cultura patriarcal!
Princípio Masculino ou Deus Cornífero
Da mesma forma que toda luz nasce da escuridão, o Deus, símbolo solar da energia masculina, nasceu da Deusa, sendo seu complemento e trazendo em si os atributos da coragem, pensamento lógico, fertilidade, saúde, alegria e amor. Da mesma forma que o Sol nasce e se põe, todo o dia, o Deus nos mostra os mistérios de Morte e do Renascimento.
Na Wicca, o Deus nasce da Grande Mãe, cresce, torna-se adulto, apaixona-se pela Deusa Virgem, eles fazem amor, a Deusa fica grávida, o Deus morre no inverno e renasce novamente, fechando o ciclo do renascimento que coincide com os ciclos da Natureza (Solstícios e Equinócios), e mostra os ciclos da nossa própria vida. Para alguns, pode parecer meio incestuoso que o Deus seja filho e amante da Deusa, mas é preciso perceber o verdadeiro simbolismo do mito, pois do útero da Deusa todas as coisas vieram, e para ele tudo retornará. Se pensarmos bem, as mulheres sempre foram mães de todos os homens, pelo seu poder de promover o renascimento espiritual do ser amado e de toda a Humanidade.
Mas o sentido profundo do simbolismo na Bruxaria só pode ser verdadeiramente entendido por meio da meditação e do contato intuitivo com a energia dos Deuses.
Eu Sou, Apenas o que Sou,
Wagner Veneziani Costa
Fontes:
Shambhala – A Misteriosa Civilização Tibetana, Andrew Thomas – ed. Bertrand Lisboa, 1979.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Religião de Mistérios
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mistérios de Elêusis
http://www.jornalinfinito.com.br
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