segunda-feira, 29 de março de 2010

666

ROUTE666.jpgO “temível” e suspeito número 666 parece causar muito burburinho quando mencionado em rodinhas de “amigos”, encontros sociais (nem tão sociais assim) e almoços de família (com suas idiossincrasias). As pessoas ignorantes (que ignoram), com base em suas ideias equivocadas oriundas de dogmas enganosos seculares, acreditam piamente que o número seiscentos e sessenta e seis seja satânico, “sujo” e sinistro. Os textos bíblicos disseminaram muitas ideias que seriam motivo de sarcasmo por parte de Satã, se ele realmente existisse como a maioria das pessoas imagina. Se tal número é da besta, besta maior seria o homem, segundo o texto bíblico, pois “(...) calcule o número da besta, pois é o número do homem (...)”. Em essência a espécie humana é animal. De fato, e de modo geral, o homem se apresenta como uma besta humana cuja compreensão parece não ir além de interpretações limitadas e condicionadas. E todo o mal que existe no mundo apenas existe por causa do homem, de maneira direta ou indireta; não há nenhum Diabo nisso tudo.

Mas, sem divagar em teorias conspiracionistas e preconceitos religiosos, o número 666 encerra significações cabalísticas draconianas, ocultistas e psicológicas, o que nada tem a ver com o Diabo ou com o mal do mundo.

O texto bíblico diz que o homem foi criado no sexto dia, o que podemos deduzir que a besta de fato é o homem que em seus primórdios no planeta se comportava como qualquer animal instintivo, impulsivo e sem raciocínio; sua evolução se deu gradativamente ao longo de eras, mas, até então, o homem era simplesmente um animal, uma besta. Mas antes da besta humana aparecer, os animais sempre foram as formas de vida mais antigas e primitivas da Terra, surgiram muito antes da espécie humana bestial, e são, portanto, umas das primordiais manifestações da sabedoria no mundo manifestado. A cristandade substituiu a besta humana pelo dragão como a Grande Besta do mal (como muitos assim entendem).

Por outro lado, seis é o número da esfera do Sol, o que representa em nível humano o Eu Superior em seu aspecto luminoso, a inteligência manifestada, a mente expandida. O Sol e o número seis também podem ser representados pelo hexagrama e pela cruz (um símbolo bastante antigo e pré-cristão), que é desdobrada e desenvolvida a partir do cubo, que é um sólido geométrico de seis lados. O Sol está situado, na Árvore da Vida e da Morte cabalística, nas esferas de Tiphareth/Thagiriron (a Beleza e o Ardente Sol Negro), que é um nível de evolução onde o indivíduo atinge um alto grau de autoconhecimento e autoconsciência. Mas para que a evolução seja completa e a sabedoria seja internalizada é preciso conhecer o lado sinistro do sagrado e secreto Eu Superior (pois nada existe somente com uma face). E esse lado sinistro do Dragão de Sabedoria, do Eu Superior, é expresso pelo número 666 ou 999, já que sua multiplicação e soma finalmente resultam sempre no número noturno da Lua, ou seja, 9. A Lua representa a noite, o oculto, o secreto, o subconsciente e o sinistro (sombrio e “esquerdo” como o aspecto feminino e sexual do universo e da psique humana). Entenda-se que “sinistro” não é aquilo que é maligno, malévolo ou coisa semelhante; sinistro é “esquerdo”, e no contexto prático e metafísico draconiano indica a presença de elementos sexuais, femininos, instintivos e subconscientes (a maior fonte de poder de um iniciado e de um filósofo oculto). Portanto, nada há de maligno e nem tem a ver com qualquer fantasia paranoica do Diabo (pois este não existe). Afinal, nós temos o lado direito e esquerdo de nosso corpo, temos a mão direita e a esquerda, o lado direito e esquerdo do cérebro, etc.; fique só com o lado direto e você verá o quão simétrico, equilibrado, harmonioso e belo você parecerá!


666b.jpg

Na prática da filosofia oculta e também do draconismo, 666 é o número da força sinistra do Eu Superior, o número do aspecto sombrio da Inteligência Solar do Daemon individual. Mas é também o número de Sorath, o Espírito do Sol, a força solar agressiva e impetuosa que impulsiona a evolução. Esse número, 666, pode ser extraído do Quadrado Mágico Solar, ou Kamea, que é dividido em 36 partes, ou quadrados menores numerados, cuja soma total é 666, que é o número do próprio nome de Sorath extraído pelo cálculo de suas letras hebraicas. Desse quadrado, para fins práticos, também é extraído o sigilo de Sorath. Sorath é a verdadeira e espiritual Besta da Revelação, a revelação do próprio Eu com seu animalismo (não confundir com animismo) natural, primitivo e intrínseco que se torna autoconsciente; é a revelação do conhecimento com compreensão, da Gnose, e da sabedoria das sombras (o subconsciente e o aspecto feminino, Sofia, Shakti, Shekinah).

O número 36 (3x6, 666) igualmente resulta em 9, a Lua, a consorte do Sol Negro (a Grande Besta, o Dragão de Sabedoria), demonstrando assim o equilíbrio entre as forças duais (como dois pilares) do universo e do ser humano, a união entre o feminino e o masculino, entre as trevas e a luz, entre o subconsciente e o supraconsciente, etc. A Lua é a yoni (vagina) de Shakti e o Sol Negro é o linga (pênis) de Shiva; a união de 999 com 666 que resulta finalmente em 9, a esfera do sexo, não somente o sexo humano, fisiológico e anatômico, mas principalmente o sexo metafísico e cósmico de todas as forças que são unidas para criar algo no universo e na natureza visíveis e invisíveis.

Tal união, como toda união entre forças opostas deveria ser, resulta em uma terceira força que é, no ser humano, o nascimento da autoconsciência e o renascimento do autêntico e completo ser humano em seu alto grau evolutivo, ou seja, o Homo veritas (o humano verdadeiro). As forças opostas não se opõem, mas se unem para criar. E o ser humano verdadeiro autoconsciente, não um mero humanoide autômato, cria a si mesmo a cada etapa evolutiva.

O número 666, portanto, é de fato o número do Homem, do Anjo e da Besta (o Eu Superior, o Dragão) com suas forças em equilíbrio e com a sabedoria das Sombras e da Luz.

Assim, todos têm a escolha de querer ser uma simples besta humana ignorante, simplória e “profana”, ou querer ser a Grande Besta sábia, superior e sagrada, pois o 666 é a verdadeira face sagrada, secreta e sinistra do Ser autoconsciente.

Adriano Camargo Monteiro é escritor de Filosofia Oculta, Draconismo, Mão Esquerda e é estudioso de simbologia e mitologia comparadas. É membro de diversas Ordens e possui diversos livros publicados. Escreve também para a Revista Universo Maçônico, para o Jornal Madras, para o Projeto Morte Súbita, para o Zine Lucifer Luciferax e para blogs pertinentes.

Contatos:

http://adrianocamargomonteiro.blogspot.com

http://www.geocities.ws/imaginariusarte

O Terço Satânico

tercosatanico.gifAo contrário do que desavisados sem cultura podem acreditar, o objetivo desta operação não é produzir qualquer forma infantil de paródia do conhecido terço católico. Ao contrário, trata-se de uma útil ferramenta mágica/psicológica que está a disposição dos adeptos muitos séculos antes da igreja romana reinvidicar tal instrumento como seu. A meta portanto é resgatar uma ferramenta antiga e devolvê-la aos seus usuários originais: os praticantes das artes ocultas.

O corda de contas veio do oriente e ainda hoje é comum entre os hindus. Todavia sua utilidade mágica se perdeu para dar lugar a um ritual vazio. Tradicionalmente era uma forma de disciplina e controle mental com resultados muito poderosos para aqueles que a souberem usar. Seu uso é descrito em diversos tratados ocultistas sendo este artigo uma adequação do mesmo à egrégora e a estética satânica.

Como Construir o seu Terço Satânico

Na verdade qualquer rosário tradicional serviria muito bem ao nosso propósito. O terço usado pelos budistas, destes que não trazem qualquer decoração poderia ser usado, mas não teria o mesmo apelo emocional que um terço satânico poderia ter. Desta forma, por motivos artísticos ( e a arte não esqueçam é uma forma de magia) e pelo impacto psicológico recomendo substitua a cruz na ponta do Terço por algum outro objeto que esteja mais aquém de nosso propósito. Um chaveiro com uma foto sua, uma réplica de crânio humano, um pentagrama invertido ou qualquer coisa do tipo. Mas para sermos práticos a forma mais simples de construir seu terço satânico é simplesmente inverter a cruz de um terço católico.


Será necessário também consagrar o terço, no meu caso utilizei um simples ritual do pentagrama invertido, mas rituais próprios ou personalizados podem ser feitos de acordo com a experiência e vontade de cada um. O objetivo aqui não é transferir alguma espécie de força mística para o artefato, mas simplesmente deixar claro no seu inconsciente que o Terço Satânico é um objeto mágico, ou seja auxiliador na realização de sua vontade. Reserve um lugar especial para ele em seu altar pessoal.

Nota Sobre a Cruz Invertida

Anton LaVey e outros satanistas eram cautelosos no uso da cruz invertida como símbolo satânico. De fato, o ostentação desta insígnia pode ofender desnecessariamente algumas pessoas e causar problemas que poderiam ser evitados com um pouco mais de precaução. Dito isso é verdade também que este sinal é bastante significativo e com freqüência encontrado em câmaras rituais. Em primeiro lugar ele é uma negação de toda a doutrina que por tanto tempo guia as massas doentes no ocidente. Mas além disso é também a afirmação da moral dos fortes sobre os fracos. Ao contemplar a cruz um cristão alimenta o desejo masoquista secreto de ser crucificado com Jesus realizando ele também a vontade de deus em detrimento da sua. Ao inverter a cruz o satanista se recusa a sofrer pela vontade de outros. A conclusão lógica é que, ao menos que seu objetivo seja aparecer e causar polêmica reserve este símbolo para seu uso privado e pessoal. Para maiores detalhes sobre o significado profundo da cruz invertida sugiro a leitura do

Sobre o funcionamento do Terço Satânico

O Terço Satânico só poderá ser usado de madrugada. Não somente porque a noite representa os mistérios da escuridão, mas porque durante este período o subconsciente está relativamente mais vulnerável a sugestões trabalhando com maior eficácia. Ao dormirmos o trabalho da consciência normal é suspenso, a predomina o trabalho do sub¬consciente. De forma que a hora mais propícia para a assimilação de uma sugestão é aquela em que o corpo está sono¬lento na cama, entre o leve despertar noturno e o voltar a dormir, quando nos encontramos ainda numa espécie de meio sono.

Peter Carroll, arauto da magia caótica, disse certa vez que “Todo Deus ignorado, convertesse em um demônio.” O famoso caoista estava se referindo em parte ao poder da subconsciência, que de uma forma ou de outra explode em realidade toda a idéia reprimida. A vantagem do terço Satânico é ajudar o magista satânico a lidar com este aspecto para que ele não só cesse de nos prejudicar, mas pelo contrário, ajude nos a realizar nossos próprios desejos pessoais.
Qualquer ato mágico naquilo que conhecemos como mundo material, por sua própria natureza física precisa de tempo a de espaço para acontecer. Quando tiramos o tempo e o espaço do subconsciente, a polaridade oposta cessa de exercer a sua influência em nós, a podemos então realizar nossos desejos através desse subconsciente. É nesta morte súbita da mente (conhecido pelos caoistas como gnosis e pelos yoguis como Não-Mente) que reside a chave para o uso prático da auto sugestão.

Citando Franz Bardon, renomado ocultista do século XX: “Quando sugerimos ao subconsciente que amanhã, ou num outro instante qualquer, não nos submeteremos mais a alguma de nossas paixões, como fumar ou beber (ingerir álcool), então o subconsciente terá tempo suficiente, até o prazo pré determinado, de colocar obstáculos diretos ou indiretos em nosso caminho.”

Na maioria das vezes, em especial em pessoas com uma força de vontade fraca o subconsciente quase sempre encontra algum artifício para provocar um fracasso. Mas se na impregnação do sub¬consciente nós subtrairmos o conceito de tempo a espaço, o que passa a agir em nós é será somente sua parte afirmativa; a consciência normal também entra na conexão e a impregnação do desejo apresenta o sucesso esperado.

Não sei como posso usar as palavras para enfatizar este ponto que é um dos segredos mais bem guardados da prática mágicka. Nada é, contudo, mais didático do que a prática. A seguir descreverei o funcionamento do terço satânico que além de cumprir este propósito de impregnar o inconsciente com uma vontade afirmativa, também tem a grande virtude de reforçar a egrégora satânica e conseqüentemente trazer para o usuário todas as vantagens vindas desta ligação.

Usando o Terço Satânico

Como vimos a força do terço está em sua dupla utilidade, que se completam e se auxiliam, portanto a utilização do terço se divide em basicamente duas partes, a saber: a fortificação da egrégora satânica, e a impregnação do subconsciente. As primeiras cinco contas e as contas grandes serão usadas na implementação de egrégora, sendo que todas as outras contas serão destinadas à sugestão em si.

Quando acordar de madrugada, pegue o seu Terço Satânico e repita a fórmula seguinte em meia voz, bem baixinho ou só em pensamento, como achar melhor, ou como lhe for mais adequado no momento. A cada frase pule para a conta ou nó seguinte, até completar o circulo que fecha o terço.

Na primeira conta diga:

IN NOMINE MAGNI DEI NOSTRI SATANAS LUCIFERI EXCELSI!

Nas próximas três contas diga respectivamente:

TEM! – OHP! – AB!

Na quinta diga:

IN NOMINE BAPHOMETIS DEMIURGI!

Ao fazer cada uma destas recitações, visualize uma força negra emanando do Terço para suas mãos e das suas mãos subindo até sua cabeça. Como se a escuridão do próprio inferno preenchesse seu corpo.

A Partir daqui nas contas grandes você deverá dizer: HAIL SATAN SHERAMPHORASH!

E nas contas pequenas que estão agrupadas em grupos de dez deverá recitar a fórmula escolhida para a auto sugestão.

Esta fórmula deverá estar na forma presente a no imperativo, como por exemplo: "Minha saúde de ferro se fortalece a cada dia", ou então: "É muito fácil eu ganhar dinheiro ", ou: "João Rafael se sente mal ao meu lado” .

O importante nesse caso é visualizar ou materializar plasticamente o seu desejo, isto é, imaginá-lo como se já estivesse concretizado. Se depois de percorrer todas as contas você ainda não estiver com sono, continue imaginando que seu desejo já se realizou, até adormecer com esse pensamento. Não há nenhum problema se durante a utilização do Terço você adormecer, pois mesmo sem chegar ao final do cordão você terá alcançado o seu objetivo.

Quando Fechar o ciclo do Terço volte para as cinco contas iniciais, só que agora fazendo o caminho inverso:

Na quinta conta diga

IN NOMINEBAPHOMETIS DEMIURGI!

Nas próximas três contas diga respectivamente: BA! PHO! MET!

Na ultima conta diga:

IN NOMINE MAGNI DEI NOSTRI SATANAS LUCIFERI EXCELSI!

Palavras de Advertência

Só devemos mudar fórmula usada quando estivermos completa¬mente satisfeitos com as realizações da primeira. O Terço Satânico é essencialmente, como já dissemos uma porta rápida de entrada e saída para a força egregórica do satanismo, de forma que sua utilidade está de certa forma além da simples auto-sugestão.

Com este procedimento podemos rapidamente sem a necessidade de grandes rituais realizar desejos cotidianos como a manipulação de características da personalidade, obtenção da saúde, o afastamento ou a atração de situações diversas, o desenvolvimento de habilidades pessoais, e até o efeito que temos em terceiras pessoas.

Não recomendo apenas o uso do Terço Satânico para objetivos grandiosos que demandariam por exemplo a execução de dos três rituais completos do satanismo de Cobiça, Luxúria e Destruição (dos quais recomendo as versões ampliadas propostas por Haboryn, do Templo de Satã). Os melhores alvos para o Terço Satânico são sempre aqueles que dizem respeito a nossa própria personalidade, nosso próprio corpo e nosso próprio EU, afinal estamos falando de Magia Satânica.