quarta-feira, 24 de junho de 2015

Anarquismo sem Hífens

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Há apenas um tipo de anarquista. Não dois. Apenas um. Um anarquista, o único tipo, conforme definido pela longa tradição e literatura da própria posição, é uma pessoa em oposição à autoridade imposta através do poder hierárquico do estado. A única expansão disto que me parece razoável é dizer que um anarquista se opõe a qualquer autoridade imposta. Um anarquista é um voluntarista.

Contudo, além disso, os anarquistas também são seres humanos e, como tais, contém as variedades infinitamente facetadas do caráter humano. Alguns são anarquistas que marcham, voluntariamente, à Cruz de Cristo. Alguns são anarquistas que se aglomeram, voluntariamente, nas comunas de figuras paternas queridas, inspiradoras. Alguns são anarquistas que buscam estabelecer as bases de uma produção industrial voluntária. Alguns são anarquistas que, voluntariamente, buscam estabelecer a produção rural dos kibbutzim. Alguns são anarquistas que, voluntariamente, buscam desestabelecer tudo, incluindo sua própria associação com outras pessoas; os ermitões. Alguns são anarquistas que comerciam, voluntariamente, apenas em ouro, nunca irão cooperar e irão esconder seu jogo [1]. Alguns são anarquistas que, voluntariamente, adoram o sol e sua energia, constroem estufas, comem apenas vegetais e tocam o saltério. Alguns são anarquistas que adoram o poder dos algoritmos, jogam jogos estranhos e infiltram templos estranhos. Alguns são anarquistas que vêem apenas as estrelas. Alguns são anarquistas que vêem apenas a terra.

Eles florescem de uma mesma semente, não importando o desabrochar de suas idéias. A semente é a liberdade. E isso é tudo. Não é uma semente socialista. Não é uma semente capitalista. Não é uma semente mística. Não é uma semente determinista. É simplesmente uma afirmação. Nós podemos ser livres. No demais tudo são escolhas ou sorte.

O anarquismo, a liberdade, não lhe diz nada sobre como pessoas livres irão se comportar ou que tipo de acordos elas farão. Ele simplesmente diz que as pessoas possuem a capacidade de fazer acordos.

O anarquismo não é normativo. Ele não diz como ser livre. Ele apenas diz que a liberdade, como tal, pode existir.

Recentemente, num jornal libertário, eu li a afirmação de que o libertarianismo é um movimento ideológico. Pode até ser. Num conceito de liberdade, ele, seus autores, vocês, ou nós, qualquer um, possui a liberdade de se engajar em ideologia ou qualquer outra coisa que não coaja outros, negando-lhes sua liberdade. Mas o anarquismo não é um movimento ideológico. É uma afirmação ideológica. Ele diz que as pessoas possuem a capacidade de serem livres. Ele diz que todos os anarquistas querem liberdade. E depois ele se cala. Após a pausa desse silencio, os anarquistas armam o palco de suas próprias comunidades e história e proclamam a sua ideologia, e não a anarquista ? eles dizem de que forma, como anarquistas, irão realizar acordos, descrever eventos, celebrar a vida, trabalhar.

O anarquismo é uma idéia-martelo, destruindo as correntes. A liberdade é o que resulta e, em liberdade, o restante cabe às pessoas e suas ideologias. Não cabe à ideologia. O anarquismo diz, com efeito, que não há uma ideologia dominante, com letras maiúsculas. Ele diz que as pessoas que vivem em liberdade tomam suas próprias decisões e realizam seus próprios negócios nela e através dela.

Uma pessoa que descreva um mundo no qual todos devem ou deveriam se comportar de uma mesma forma, marchando numa mesma formação, à mesma batida, simplesmente não é um anarquista. Uma pessoa que diz que prefere de certa forma, deseja que todos preferissem dessa mesma forma, mas que então diz que todos devem escolher, certamente é um anarquista. Provavelmente o é. Liberdade é liberdade. Anarquismo é anarquismo. Ambos não são queijo suíço ou algo que o valha. Não são propriedade. Não possuem direitos autorais. São idéias antigas, disponíveis, parte da cultura humana. Podem ser hifenizadas, mas de fato não são hifenizadas. Podem existir por conta própria. São as pessoas que adicionam hífens e ideologias suplementares.

Eu sou um anarquista. Eu preciso saber disso, e você deveria saber. Afinal de contas, eu sou um escritor e um soldador que vive num determinado lugar, com certas pessoas e por certas convicções. E isso também pode saber. Mas não há hífen após o anarquista.

A liberdade, finalmente, não é uma caixa dentro da qual as pessoas devem caber. A liberdade é um espaço dentro do qual elas podem viver. Ela não diz como elas irão viver. Ela diz, eternamente, apenas que nós podemos.
por Karl Hess
Karl Hess é um importante filósofo político do Movimento da Esquerda Libertária e autor do premiado documentário "Karl Hess: Toward Liberty".

Dicionário Secreto da Maçonaria

Ao pensar em Maçonaria, os não-iniciados normalmente deparam com uma palavra: mistério. Tudo o que acontece nos bastidores da Ordem está envolto e preservado por um voto de sigilo feito por seus participantes, o qual dificilmente é quebrado. Mas, como tudo o que é secreto desperta nossa curiosidade, esta aura misteriosa faz que muitas pessoas tenham vontade de saber como funciona a Maçonaria. É impossível não imaginar como são os rituais de iniciação, os símbolos de reconhecimento, e mesmo como é uma Loja maçônica. Tão difícil quanto, é não especular sobre a participação desta Ordem em diversos episódios históricos e sobre personalidades que tiveram seus nomes associados à Maçonaria, como Mozart, Churchil, Walt Disney, Sigmund Freud, Beethoven, Bach, George Washington, Roosevelt, Dom Pedro I, Rui Barbosa, entre outros. Nas páginas do Dicionário Secreto da Maçonaria você terá a oportunidade de entender o universo secreto maçônico, à medida que conhece os principais termos usados pelos seus seguidores.



Link Para Download : https://linkonym.appspot.com/?http://www.livrariacultura.com.br/p/dicionario-secreto-da-maconaria-60347983

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Satanismo – Yazidis, os Satanistas da Antiguidade



Grande Anjo - Deus PavãoJá falamos mais amplamente no Satanismo na Idade Média Alta, na Idade Média Baixa e na Era Pré-Cristã. Mas hoje, falaremos sobre uma questão mais específica dentro da história do Satanismo.
Após esclarecidas as questões essenciais do Satanismo na Antiguidade, daqui pra frente vamos começar a falar de grupos e culturas que influenciaram, direta ou indiretamente, o pensamento Satanista.
Dessa forma, começaremos aqui com os Yazidis (que, apesar de serem conhecidos entre Satanistas, são completos estranhos para a maioria das outras correntes iniciáticas).
Os Yazidis tem sua origem na antiga Pérsia, onde começam também um dos Mistérios mais antigos do mundo, que são os Mistérios Persas.
Eles são um grupo curiosíssimo e são considerados por muitos como os primeiros Satanistas – lembrando aqui, ao leitor que não está habituado, que o Satanismo, em essência, trata sempre de um elemento opositor que realça as características do ser humano, contrapondo as questões místicas que condenavam o que deveria ser considerado natural para o homem.
Quando vemos a exaltação dos Titans, frente aos Deuses, estamos vendo uma manifestação de Satanismo na Grécia Antiga. Quando vemos um enorme culto a Set (o “Deus” inimigo de Hórus), estamos vendo uma manifestação de Satanismo no Egito Antigo e assim por diante. No caso dos antigos Persas, não foi diferente.
O Zoroastrismo foi uma religião Persa da antiguidade (uma das mais antigas do mundo) e tem por influência o antigo misticismo persa, que se iniciou por volta da época em que se iniciaram as primeiras manifestações místicas dos Egípcios, Hebreus, Gregos e afins.
O Zoroastrismo geralmente é a base para falarmos do universo Persa, no entanto, há outras variações do pensamento Persa devido ao fato de que a cultura Persa tinha vários deuses e vários cultos próprios.
Dessa forma, existiam doutrinas próprias que eram voltadas especificamente para algumas deidades, sendo o mais famoso deles o Mitraísmo (que ficou muito conhecido como a grande religião da Grécia, antes do Cristianismo).
Dentre todas as outras doutrinas específicas que existiram, temos o Yazidismo.
Se o leitor, por acaso, leu a obra Silmarillion (do grande Tolkien), verá grande familiaridade com essa estrutura (e, aos que não leram, fica aqui a minha recomendação dessa obra de grande valor literário – e místico, para quem conhece mais a fundo o misticismo das grandes religiões).
No universo, havia um único Deus que era energia e era o todo mas, ao mesmo tempo, um ser pessoal, pensante o suficiente para tomar atitudes diretamente conscientes.
Desse ser Uno, surgiram vários Deuses que nada mais eram do que manifestações de partes desse Deus. Tais manifestações eram encaradas como Deuses e eram chamados de Amesha-Spenta.
Esses Deuses eram os grandes responsáveis pelo funcionamento do universo, da “vontade divina”, dos elementos, das energias, da existência da vida no planeta e etc. Em outras palavras, cuidavam de todos os níveis da realidade cósmica.
Tais manifestações divinas (personificados em Deuses) se manifestaram “deuses menores” (associados a eles) que foram chamados de Yazatas.
Esses sim eram os deuses que se envolviam diretamente com a criação. Isso era o que estava realmente próximo de tudo que habitava a Terra e os seres vivos. É a partir desse ponto que passamos a olhar puramente pelo prisma Yazidi da questão.
Yazid foi, em teoria, o primeiro da linhagem dos Yazatas, que é onde aparece a figura de um Satan. É dele que se originaram os intitulados Yazidis, que são o foco desse Post.
Você se lembra da história dos “filhos dos deuses” que procriaram com as “filhas dos homens”? Eu já comentei sobre isso aqui no Blog explicando que, para muitos, tudo isso era apenas uma forma diferente de chamar os homens e as mulheres, já que todos somos filhos de Deus e, ao mesmo tempo, Filhos dos Homens.
Ou seja, seria apenas um recurso de linguagem para colocar a condição do homem acima da condição da mulher. No entanto, por mais que muitos acreditem nisso, não podemos deixar de conhecer as interpretações místicas dessa questão.
[Caso você nunca tenha lido isso na Bíblia, fica no Cap. 6 Ver. 1-4]
Essa história, apresentada na bíblia e em algumas outras Mitologias, era exatamente como os Yazidis encaravam a sua própria origem. Eles – os Yazidis – se diziam a cria direta dos anjos com as mortais. Mas a grande questão aqui é que esses anjos, como também eram reconhecidos pelas demais tradições, eram “anjos caídos”.
Muito antes do que se possa imaginar sobre a história da Humanidade, a ideia de “Satan” já estava ali, na forma do “Grande Anjo”, que era chamado de “Melek El Kout”, que não representava as virtudes que o homem teria que ter (como sempre foi comum nas características dos deuses). Ele representava aquilo que era sim muito humano e que deveria ser exaltado.
E é aqui que entra a grande questão envolvendo Lúcifer. Esse “Lúcifer Persa” teria sido realmente uma figura nociva para os céus, no entanto, já estaria redimido (dentro dos limites cabíveis). Mas não é tão simples como parece.
Esse Lúcifer, que segue pelas tradições ocidentais e que foi sendo construído durante séculos antes e depois de Cristo, e que atende pelo nome de Melek El Kout, também foi modificado.
Por ser uma das tradições mais antigas do mundo, não é possível simplesmente pegarmos um livro sagrado que diga exatamente como funcionava as suas regras e doutrinas.
Seus posicionamentos e mitologias foram se modificando ao longo dos séculos, apesar de manter a essência, e Melek El Kout é um bom exemplo disso. No começo de tudo, ele era o criador dos seres humanos (era apenas mais um dos semideuses), mas esse Grande Anjo foi se mesclando às ideias de Satan devido as afinidades.
De certa forma, podemos dizer que ele foi tanto influenciador como influenciado. Sua figura influenciou os demais seres satânicos/opositores que estavam a sua volta e, reciprocamente, o desenvolvimento desses seres acabou o influenciando de volta.

Yazidis Atualmente

A doutrina Yazidi foi estabelecida de fato no Século XII por ++++. Isso trouxe pontos positivos e negativos. Sendo um dos pontos mais positivos a regulamentação e estabelecimento da Doutrina. Mas o ponto negativo é o fato de que, após estabelecido, é mais fácil (para os opositores) saber o que precisa ser combatido.
Sua quantidade reduziu consideravelmente, principalmente devido ao crescimento das demais religiões e do peso que o Islã sempre teve naquelas regiões. Nos dias de hoje, eles ainda existem, mas como toda cultura, seria praticamente impossível que eles se mantivessem como sempre foram durante tantos séculos.
Eles mantém o estigma de Satanistas, o que é bem curioso pois, de fato, aos olhos do Satanismo, eles de fato o são (pois tem por base um deus shaitan). No entanto, quando os taxam dessa maneira isso faz com que eles precisem ser expurgados da sociedade, pois são considerados “o mau do mundo”.
Aliás, a forma que eles encontraram de se manterem vivos e atuantes durante muitos séculos foi o fato de sempre se converterem a religião local (que na maioria das vezes eram o Islamismo ou o Catolicismo Ortodoxo).
Eles ainda são perseguidos e cada vez mais existe cada vez menos Yazidis no mundo. Entretanto, será difícil que eles deixem de ser considerados a história viva de um dos maiores grupos influenciadores do Satanismo de todo o mundo.

Maçonaria – Antigas Escolas de Mistérios



O “Maçonaria e Satanismo” está de volta iniciando os Posts de 2014 com essa nova série de Posts que foi anunciada em dezembro.
Como o título dessa nova Série é “A Tradição e a Origem da Maçonaria e do Satanismo”, vamos dar início explicando um pouco sobre as Antigas Escolas de Mistério.
Imagino que a maioria dos leitores aqui do Blog já esteja um pouco familiarizado com essa ideia de Mistérios Antigos, no entanto, como iremos falar de alguns deles, em específico, no decorrer dos próximos Posts, a minha ideia aqui é falar um pouco do porquê existe a relação desses Mistérios com a Maçonaria.
No Post “Maçonaria Milenar?” eu já explanei sobre o fato de que não há dados de que a Maçonaria tenha existido há milênios. O que existe é uma Tradição Maçônica, onde elementos de culturas, civilizações e instituições antigas foram incorporados na Ordem.
“Mas se tudo isso se trata apenas de uma Tradição, por que falarmos disso?”
Os motivos são bem simples: O primeiro é porque temos elementos dentro da Ordem que têm origem nessas Antigas Escolas de Mistério (independente desses símbolos terem sido colocados dentro da Ordem por causa disso ou não). O segundo é que diversos autores apresentaram a história da Maçonaria começando pelos Mistérios Antigos. Portanto, não podemos deixar de falar desse assunto como um todo antes de falarmos especificamente dessas Escolas.

A Maçonaria Tem Origem Nos “Antigos Mistérios”?

As Antigas Escolas de Mistérios pertenceram às antigas civilizações como a Pérsia, Babilônia, Suméria, Egito, Grécia e etc.
Basicamente, tais mistérios eram de conteúdo místico-ocultista, mas o que os diferenciava das religiões em si é que esses mistérios tinham o caráter iniciático. Haviam cerimônias de iniciação e/ou de passagem para que o indivíduo se tornasse conscientemente um membro dessas instituições de mistério. Dessa forma, não era possível que outras pessoas não-iniciadas fossem membros da mesma, o que fazia com que esses grupos não fossem públicos (salve algumas exceções).
Essas são as duas maiores características que fazem com que as Ordens de hoje sejam facilmente associadas a esses Antigos Mistérios. E foi a partir daí que começou a surgir a ideia de que existiu um caminho sólido e claro dos Mistérios Antigos até as Ordens Iniciáticas de hoje em dia.
Em raríssimos casos (como é o caso da Maçonaria) existem teorias mais bem fundamentadas para tratar de uma possível origem em um passado antigo e que foi se modificando até se tornar o que é a Maçonaria hoje. No entanto, é importante ressaltar duas coisas:
A primeira é que, a ligação com a antiguidade que a Maçonaria pode ter não é exatamente a dos Mistérios que muitos autores defendem. Explico…
As evidências que temos acerca da antiguidade da Maçonaria vão apenas até o início da Idade Média Baixa – todo o resto são apenas hipóteses e teorias.
Desde o Século XVIII, já existiam teorias de que a Maçonaria surgiu dos Egípcios, dos Persas, dos Hindus, do Éden e até mesmo de uma época onde a matéria ainda não existia (ou seja, ela teria tido origem nos planos espirituais).
Portanto, quando vemos hipóteses mais fundamentadas de que a Maçonaria Operativa possa ter tido origem no Egito antigo, isso não quer dizer que essa teoria esteja defendendo que a Maçonaria teve origem nos Antigos Mistérios do Egito. Não é exatamente disso que se trata!
Tratam-se de hipóteses que falam sobre os princípios, lendas e tradições dos construtores e das sociedades de construtores que podemos encontrar nos séculos antes de Cristo. O pensamento ocultista não faz parte dessa suposta ligação entre eles (mesmo porque, se o leitor acompanha esse Blog já viu que todos os dados que temos até o momento nos mostram que a Maçonaria Operativa seguia os preceitos católicos). A associação às práticas dos Mistérios Egípcios (ou de qualquer outro) existe devido a algumas semelhanças que se encontram na Ordem, no entanto, a grande maioria delas foi implantada depois de já existir a Maçonaria Moderna (e por isso se trata apenas de uma Tradição Maçônica).
Quando traçamos essa ideia de que uma coisa foi dando origem à outra, acaba acontecendo o que já acontece hoje. Quase todas as Ordens Iniciáticas se dizem sucessoras (e legítimas) dos Antigos Mistérios. Dessa forma, temos muitos membros de Ordens defendendo que a sua Ordem é a mais antiga de todas (quando, na verdade, nenhuma delas veio de fato de épocas tão distantes).
O segundo ponto a ser tratado é que, desde que se passou a alegar que esses Mistérios foram se modificando (em instituições diferentes) até se tornarem as Ordens de hoje, passou-se também a se achar que mesmo entre essas instituições antigas houve ligação e sucessão de pensamento entre elas (sendo que também não há evidências de que isso tenha acontecido). Ou seja, pegam-se alguns desses Antigos Mistérios e diz-se que ‘x’ deu origem a ‘y’ e que ‘y’ deu origem a ‘z’.
Nem todo mundo propõe a mesma linha sucessória, mas algumas são mais usadas que outras, como por exemplo a sequência entre os Mistérios Egípcios, Hebraicos, Gregos e etc (sendo que alguns ainda colocam os Mistérios Caldeus e Persas como predecessores dos Mistérios Egípcios).
A questão é que essas “instituições de mistérios” são quase tão antigas quanto as próprias civilizações (já que os pensamentos místicos e religiosos surgiam logo que aquele grupo se estabelecia como sociedade – as vezes só sendo possível se estabelecer como sociedade após o estabelecimento das diretrizes religiosas).
É claro que também existem pontos em comum entre os Mistérios (e algumas vezes houve sim uma característica ou outra que realmente veio de uma Escola de Mistérios que não era aquela), entretanto, é preciso de um pouco mais do que isso para se afirmar categoricamente que qualquer um dos Mistérios Antigos teve origem nos Mistérios de outra civilização.

Hierarquia Espiritual?

O leitor mais envolvido talvez esteja se perguntando: “Quer dizer então que não existe qualquer ligação direta entre os Mistérios Antigos e a Maçonaria (ou outras Ordens Iniciáticas)?”
Não, não existe ligação direta! No entanto, vou tocar em um ponto delicado!
Quando estamos falando em misticismo, não podemos deixar de lado os motivos que levam as pessoas a pensarem que exista essa linha sucessória iniciática (mesmo que os dados não corroborem essas ideias).
Inúmeros ocultistas famosos (e de credibilidade no meio iniciático) têm seus depoimentos sobre tudo fazer parte de uma organização astral onde as muitas instituições que temos, desde o passado, serem sucessórias no aspecto espiritual.
“Mas o que exatamente isso quer dizer?”
Tudo isso quer dizer que, em teoria, existe uma hierarquia nos planos espirituais e que muitos seres desses planos, já em níveis mais elevados (que podemos chamar aqui de ascensionados – ou qualquer outro nome que você queira dar), cuidam de uma série de fatores para que o nosso mundo seja “como tem que ser”.
Entre esses seres, teríamos um grupo que cuida da transmissão desse conhecimento no passar das Eras e até mesmo um Mestre para cuidar exclusivamente da Maçonaria.
Dessa forma, os pontos em comum com quaisquer Mistérios Antigos teriam sido plenamente calculados para estarem na Maçonaria. Logo, enquanto os dados mostram que uma prática ‘x’ foi inserida, dentro de um ritual, apenas no século XVIII, se nos basearmos nessa ideia poderíamos dizer que o membro que adicionou esse elemento só o fez porque foi “conduzido” a fazê-lo. Sabe aquele papo de pessoas inspiradas por Deus para escrever a Bíblia? Então, é algo parecido, mas esses autores costumar relatar como essas informações chegaram até eles.
Existem casos de viagens astrais, casos de acesso aos registros akáshicos, casos de visões, casos de conversas diretas com seres dessas hierarquias espirituais e outros. Sendo que essas práticas (e outras mais) podem ser encontradas nas obras de praticamente todos aqueles que foram reconhecidos como grandes ocultistas – como Eliphas Levi, Israel Regardie, Aleister Crowley, Franz Bardon, Allan Kardec, Max Heindel, Helena Blavatsky, Papus e muitos outros (mesmo que estes não tenham falado de todas essas práticas).
Mas por causa disso quer dizer que você deve acreditar que existe essa relação espiritual?
Não, isso não quer dizer nada. Você pode acreditar ou não. Particularmente, penso que, independente do que você tem como verdade, vale a pena conhecer esse material. Até porque, é um material que te levará até outras correntes do pensamento místico que podem ser bem interessantes.
No caso da Maçonaria, se você pegar as obras do Charles Leadbeater, você chegará até a Teosofia. Se você pegar as obras do Papus, elas te levarão até o Martinismo. Se você pegar as obras do Manly Hall, você encontrará a literatura da Fraternidade Rosacruz. E por aí vai…
[Se algum Irmão quiser mais indicações, já sabe que pode solicitar por e-mail...]
Meu incentivo continua sendo o da leitura para conhecimento. Aos que se identificarem e tomarem tais questões como verdadeiras, lembre-se do cuidado que é preciso para que você não acabe tomando decisões ou aceitando certas questões devido ao fato de você acreditar nessa literatura. Lembre-se do que já foi dito no Post O Perigo dos Preceitos Religiosos.
No mais, creio que esse Post tenha sido suficiente para que o leitor tenha entendido que, quando os próximos Posts tratarem especificamente das Escolas de Mistério mais relevantes, é devido a Tradição e não a defesa de que a Maçonaria tem uma origem direta das Antigas Escolas de Mistério.

Maçonaria – Mistérios Egípcios


Seguindo adiante, vamos falar dessa que é considerada por muitos (o que não quer dizer que seja verdade) a escola de mistérios mais antiga a influenciar a Maçonaria: Os Mistérios Egípcios!
É no Egito que, de certa forma, começamos a estabelecer o conceito mais antigo de Mistérios Antigos que vieram a influenciar as Ordens Iniciáticas em determinadas épocas como o Iluminismo e, logo em seguida, o Pós Iluminismo.
Historicamente falando, existiram Escolas de Mistério mais antigas do que a do Egito, mas alguns fatores fizeram com que esses mistérios mais antigos não fossem de influência tão grande como o dos egípcios.
Um dos motivos é pelo fato de que não se tinham muitos dados sobre esses outros mistérios na época em que as Ordens Iniciáticas Europeias começaram a se desenvolver. E o que se tinha parece não ter tido tanto apelo assim. Já o Antigo Egito, passou a ser mais popular (juntamente com algumas outras Escolas que falaremos em outros Posts) após o período do Renascimento, que foi o Período onde se teve uma “busca pelo conhecimento do passado”.
Essa volta ao passado fez com que o conhecimento de antigamente se tornasse algo especial e importante para os novos movimentos que surgiram a partir dessa época.
Uma dessas influências é a ideia dos Símbolos (que foi bastante trabalhada através dos Hieróglifos Egípcios) e a outra foi a ideia dos Rituais/Cerimonias (que teve forte influência das Cerimônias Fúnebres e dos Mistérios de Osíris).

Hieróglifos

Os Hieróglifos foram uma mistura de símbolos e grafia do Egito e que até hoje servem como bons exemplos de símbolos e de suas influências, principalmente quando precisamos explicar qual é a proposta de um símbolo – que é o de reunir e apresentar um conjunto de ideias através de uma imagem que possa representar tudo aquilo.
Os hieróglifos são realmente importantes como exemplo porque eles nos permitem avaliar a ideia de um símbolo de forma muito metódica.
O processo de criação de um símbolo não se dá quando você pensa em criar um símbolo para só depois dar um significado a ele (ou, pelo menos, não deveria ser assim). O símbolo surge da necessidade de uma representação que se dará de forma emblemática.
É por isso, inclusive, que os hieróglifos não podem ser entendidos APENAS como símbolos, pois muitos deles tinham características fonéticas (que é o que nos mostra que tratam-se também de grafia). Ou seja, eram símbolos que também expressavam sons específicos de acordo com determinada representação.
Essa mesma cultura de símbolos (dos hieróglifos) influenciou também os números egípcios, onde podemos ver os números sendo representados por símbolos que continham ideias que pudessem representar aquela grande quantidade que aqueles números representavam. Como exemplo temos o número 1.000.000, cujo desenho era o de uma pessoa em adoração/veneração aos deuses (que eram os Senhores que governavam todas as pessoas). Da mesma forma que o 100.000 era representado por um sapo (que era um símbolo de fertilidade para eles) e o 10.000 era representado pelo dedo do faraó, por simbolizar o poder.

Cerimônias

Quanto aos Rituais de Cerimônias Fúnebres terem influenciado as cerimônias da Maçonaria (e de outras Ordens Iniciáticas), cabe aqui uma explicação anterior.
Os motivos mais prováveis para que cerimônias tenham sido implantadas na Maçonaria é o fato de que elas já existiam na igreja católica e ter essas cerimônias na Ordem fazia com que o membro tivesse melhor identificação com a mesma.
Entretanto, esse era apenas o motivo para existirem essas cerimônias, mas o processo e o objetivo principal delas (principalmente no que tange a Iniciação) não tinham os mesmos princípios e objetivos cristãos.
Para os mais familiarizados com o tema Iniciação (seja com relação à Maçonaria ou a quaisquer outras Ordens Iniciáticas) não é nenhuma novidade que o objetivo do processo de iniciação é apresentar um novo mundo ao novo membro da Ordem, através do processo (simbólico, obviamente) do renascimento.
O iniciado estaria morrendo para renascer em um novo mundo com uma representação simbólica da sua morte e renascimento (como as folhas que caem no Outono e renascem na Primavera).
É aqui que passamos a ver algumas características dessas cerimônias egípcias na Maçonaria (lembrando que a Maçonaria tem vários Ritos e Rituais e, devido a isso, as cerimônias de iniciação são diferentes umas das outras – mas apenas em “forma” e não em “essência”).
As cerimônias fúnebres foram consideradas muito importantes, dentre todas as cerimônias egípcias, porque sendo a vida o maior bem que todos nós temos, o entendimento da morte, naturalmente, passa a ser extremamente crucial.
Juntamente a ela, também existiu uma outra cerimônia importantíssima, e que também tinha relação com a morte e que foi importante (principalmente como referencial) para diversas ordens e movimentos iniciáticos futuros, que foram as cerimônias dos Mitos de Osíris, também conhecidos como os Mistérios de Osíris.

Mistérios de Osíris

Essa cerimônia, comemorada periodicamente no Antigo Egito (após, obviamente, o mito de Osíris ficar mais difundido), consistia em contar a história de Osíris e apresentar a história do seu “renascimento”.
Na história de Osíris, ele foi um grande governador do Egito (?) que foi traído e morto por seu irmão Seth. Existem muito mais do que apenas uma versão dessa história (acerca de como esses eventos se desenrolaram), portanto, vou me limitar apenas a colocar a ideia principal desse evento (que foi a traição de Seth) e a busca de Isis (sua esposa) pelo corpo do marido.
Nos contos (que também divergem), após o corpo de Osíris ter sido esquartejado e espalhado pelo Egito, Isis vai atrás desses pedaços para conseguir reunir o corpo de Osíris.
O processo de juntar os pedaços do corpo (na tentativa de reconstruí-lo) para que Isis pudesse ressuscitá-lo (e daí ter uma relação sexual com ele) é considerado por muitos como a primeira mumificação (lembrando que estamos falando de um mito, é claro).
Entretanto, após o ocorrido, Osíris passa a reinar apenas no plano dos mortos (enquanto é vingado por seu filho Hórus, na terra).
Esse processo da mumificação (das cerimônias fúnebres, que colocavam o corpo em um “caixão” para que no futuro pudesse ressuscitar) e a ressurreição de Osíris (que que foi outra forma de superar a morte) foram grandes influenciadores da ideia principal de morte e renascimento que viria a ser reproduzido por inúmeras culturas posteriores, mesmo antes das Ordens Iniciáticas (e tenho certeza que você consegue pensar em algumas religiões aqui), mas que passou a ser muito importante dentro delas, já que esse é o caráter da esmagadora maioria dos procedimentos de iniciação que temos nas Ordens hoje em dia.

A Tradição e os Mistérios Egípcios

Eu usei como referência essas duas questões (dos hieróglifos e do mito de osíris) por serem questões muito evidentes e impactantes nos movimentos iniciáticos que surgiram após a Queda da Idade Média, no entanto, isso não quer dizer que essas questões tiveram influência diretamente do Egito Antigo até chegar nessas Ordens (como também não quer dizer que o Egito foi a primeira civilização a ter essas referências).
O que acontece é que, desde o advento do Renascimento, voltou-se a olhar esse passado pré-cristão e passou-se a buscar nele questões místicas que pudessem ser aplicadas e representadas na época em que se estava vivendo. Dessa forma, mesmo que o fator mais determinante para ter existido cerimônias na Maçonaria tenha sido o fato (já citado) de, por já existirem cerimônias na Igreja Católica Romana isso ter facilitado a aceitação e o trabalho por parte daqueles que viriam a se tornar maçons, o que esses maçons buscavam para dar essas explicações, de acordo com que a Ordem ia se desenvolvendo, eram as explicações acerca dos Mistérios Antigos.
Dessa forma, muitas coisas dentro da Ordem passaram a ser creditadas aos Mistérios Antigos (para que a Ordem pudesse ter um “ar de antiguidade” que parece sempre dar mais prestígio) e outras foram realmente inseridas em um determinado Ritual por ser um Símbolo Antigo e que faria referência direta a esses Mistérios (o que, naturalmente, acabava gerando – por alguns – a ideia de que a Ordem teve origem naqueles tempos longínquos, quando na verdade era só uma referência a uma tradição do passado).
Alguns não veem isso como um problema no sentido de “não poder afirmar que só existem cerimônias na Maçonaria por terem existido essas antigas cerimônias do passado”, já que a própria Igreja Católica também se baseou em cerimônias antigas para organizar suas próprias cerimônias. Ou seja, se existem cerimônias na Maçonaria devido ao fato de existirem na Igreja Católica, mas as cerimônias da Igreja Católica existem devido a cerimônias mais antigas, por que não se poderia afirmar que só existem cerimônias na Maçonaria porque antes existiram cerimônias na antiguidade? Mas isso fica a critério de cada um…
Portanto, e voltando ao foco, não há influência direta dos Mistérios Egípcios na Maçonaria (como também não há com relação aos Templários e diversas outras instituições, como sempre friso). Entretanto, não se pode ignorar que muitos símbolos, mitos e procedimentos foram adotados baseando-se nos Mistérios Egípcios e, mesmo os que não foram – mas que são encontrados nos Rituais – podem ser tomados como parte da Tradição Maçônica.
Em outras palavras, pode até não existir uma relação direta que ligue a Maçonaria aos Mistérios Egípcios, mas se eles (os Mistérios Egípcios) foram um influenciador para várias coisas que existem na Ordem (incluindo muitas histórias que aparecem nos Rituais), é importante entendermos um pouco dele no estudo da “História e da Tradição da Franco-Maçonaria”.

Maçonaria e o Caminho da Mão Direita


Antes de dar início a esse Post, gostaria de agradecer a todos os visitantes, leitores do Blog “Teoria da Conspiração”, do Marcelo Del Debbio, que aqui estão desde a sexta feira, e aos seus comentários e elogios.
Aviso-lhes que ainda farei um Post para falar sobre isso.
Seguindo em frente, hoje vamos falar um pouco do Caminho da Mão Direita, em oposição ao Caminho da Mão Esquerda, que foi falado em nosso último Post sobre o “Satanismo e o Caminho da Mão Esquerda”.
Se você entendeu bem que o Caminho da Mão Esquerda é um caminho solitário e que se preocupa, diretamente, com o desenvolvimento pessoal e particular, irá entender bem o que é o Caminho da Mão Direita.
No Caminho da Mão Esquerda, que é o da Razão, é muito comum o desenvolvimento intelectual. Ou seja, parte do desenvolvimento se dá através do discernimento.
Já na Mão Direita, o processo é diferente. Você pode se desenvolver, plenamente, sem o discernimento da razão. Nesse caminho, suas ações não estão diretamente ligadas a nenhum tipo de compreenssão (por mais que essa compreensão, em si, tenha o levado a seguir o caminho da Mão Direita).
A Meditação é uma forma muito boa de se representar o “Caminho da Mão Esquerda”. Em contrapartida, a Caridade é a melhor forma de representar o “Caminho da Mão Direita”. Em teoria, na Mão Direita você praticamente irá abdicar de si mesmo para se preocupar com o próximo.
O melhor exemplo desse caminho será sempre o daquele que é considerado o melhor exemplo de Virtude já visto na humanidade, que é Jesus. Mas existem outros que também expressam muito bem essa ideia como: A Madre Teresa de Calcutá, o Mahatma Gandhi, o atual Dalai Lama e até o Super Homem.
Todos eles abdicaram da sua vida em prol do próximo.
Como exemplos práticos na sua vida, podemos pensar naquelas pessoas que resolveram passar um feriado de “dia das crianças” em um orfanato, dando brinquedos e atenção às criancinhas, ao invés de ficar em casa com a família ou os amigos, aproveitando que é feriado.
É aquele que utiliza boa parte do seu “décimo terceiro salário” pra fazer uma criança feliz, pegando algumas cartinhas no projeto “Papai Noel dos Correios” - ou mesmo, doando pessoalmente.
E é também aquele que chega cansado, depois de um dia de 12 horas de trabalho, mas faz questão de utilizar o seu tempo dando atenção aos seus avós, que já passaram dos 80 e que ficam muito felizes em ter essa atenção.
Em outras palavras, a Mão Direita reflete muito bem a virtude em si. Representa aquele que se preocupa com o próximo, antes de se preocupar consigo mesmo.

E Como Isso Funciona Com As Ordens Iniciáticas?

Nas Ordens Iniciáticas, o objetivo em geral é o aperfeiçoamento do homem. No entanto, os caminhos para isso são bem distintos.
Em uma Ordem da Mão Esquerda você vai encontrar um estudo mais acadêmico e uma prática ocultista/espiritual mais focada. Geralmente, haverá práticas e exercícios que você deverá realizar em um local calmo em que você possa fazê-los sem ser perturbado.
Nas Ordens da Mão Direita, o conhecimento será bem menos específico e a prática irá visar o todo e não o particular. Isso faz com que o aprimoramento da virtude seja ressaltado, como por exemplo, em ações sociais. É comum também que, ao invés de Rituais para serem feitos isoladamente, você terá “Rituais Cerimoniais”, que serão feitos em todas as reuniões e que vão ressaltar os Princípios da Ordem.
A Maçonaria representa bem essa idéia. Seu trabalho, sua filosofia e seus “efeitos ritualísticos” (para os que admitem a existência destes) são direcionados nesse sentido (o que é bem diferente do outro caminho).
Entretanto, você deve estar se perguntando: Se o objetivo das Ordens Iniciáticas é o mesmo, o final do processo também deveria ser o mesmo, independente do caminho escolhido, certo?
Certíssimo! Mas porque então são tão distintos? Como é possível trabalhar o espiritual com esses dois caminhos?
Vou dar um exemplo e fazer uma reflexão que talvez lhe esclareça isso.

Efeitos Ocultistas

No Caminho da Mão Esquerda é fácil entender como funciona o “desenvolvimento espiritual”. Através do Estudo e da Prática você já pode fazer Conjurações e utilizar da Thelema para que o mundo responda à sua vontade (ok, eu exagerei um pouco.. foi apenas um recurso ilustrativo).
Mas e no caminho da Mão Direita?
Bem, pense no seguinte cenário (bem hipotético). Você morre e chega “lá em cima”. Na sua “avaliação espiritual” você demonstra todo o seu conhecimento acerca do universo, tendo decorado toda a Bíblia, o Bhagavad Gita e a Cabala Judaica. Mas, de repente, você descobre que “não passou”.
Motivo? Você foi um péssimo ser humano então terá que voltar novamente – e com um Karma bem mais pesado (se você admitir os preceitos Espiritualistas), ou, irá direto para o Inferno (se você admitir os princípios Cristãos).
O Caminho da Mão Direita tem tudo para te levar ao “reino dos céus”. Um lavrador analfabeto e sem instrução, mas que dedica a sua vida aos seus filhos e a sua comunidade, tem mais chances do que um grande erudito cujo conhecimento não vá além do plano das idéias.
Isso quer dizer que a Mão Esquerda não permite a evolução espiritual?
Longe disso, no entanto, não é raro que os seguidores da esquerda se percam apenas nos estudos, acreditando que o conhecimento sem ação pode levar onde eles pretendem chegar.
Mas, vamos trazer isso para algo mais prático.
Em teoria, a plenitude de um homem de virtudes proporciona tudo que é permitido ao grande ocultista. É como dizer que, um homem pleno em suas ações de virtude, seria capaz de transformar água em vinho apenas com a própria vontade de fazê-lo.
Isso quer dizer que um homem de virtudes, que atinja um determinado nível de virtude, pode atingir os mesmos resultados que aquele que o fez pelo Caminho da Mão Esquerda. Isso inclui coisas mais objetivas como a Clarividência, a Viagem Astral e a Gnose. Da mesma forma, facilitaria o desenvolvimento de outros procedimentos que exigissem, antes de mais nada, um Ritual, para a sua realização.

Para Terminar…

Apenas para deixar bem claro, isso está apenas sendo tratado segundo as correntes de pensamento que defendem essa ideia. O Maçon não tem qualquer obrigação de aceita a existência dos “efeitos ritualísticos” que foram citados acima (mas claro, é importante conhecê-los).
No próximo Post falaremos sobre “Maçonaria e Satanismo – O Caminho do Meio”, que será o Post chave dessa questão. Digo isso porque este é o caminho mais complicado de se entender. E se torna mais complicado ainda pelo fato da maioria das pessoas acharem que o entendem e de acharem que ele é mais praticável do que os outros dois.

Satanismo e o Caminho da Mão Esquerda


Tendo acabado nossa primeira “série” de Posts, onde o objetivo foi “esclarecer os maiores mitos da Maçonaria e do Satanismo”, vamos subir um degrau e explorar, mais a fundo, as características centrais, tanto da Maçonaria como do Satanismo.
Ao final dessa “série” será apresentado outro Post sobre “Referências Bibliográficas”, para aprimorar o conhecimento do leitor que se interessar por uma pesquisa mais aprofundada.
Nesse Post, irei apresentar algo que é pouco compreendido pelos Satanistas: O Caminho da Mão Esquerda.

(…) Satanismo não é uma religião “white light”, é a religião da carne, do mundano, da matéria – tudo o que é regido por Satã, a personificação do caminho da mão esquerda.
(…) Torne forte através do fogo o cérebro do nosso amigo e companheiro, nosso confrade do caminho da mão esquerda.
LaVey faz algumas citações sobre o Caminho da Mão Esquerda, mas não nos dá qualquer explicação sobre o que isso seja.
Lembram que mencionei, no post Satanismo de LaVey, sobre as muitas lacunas que existem sobre o Ocultismo e que estão inseridos nas Obras de LaVey? Então, essa é uma delas e se trata de uma das mais importantes, já que, através da compreensão do “caminho” é possível entender a base que define toda a estrutura e as diretrizes da corrente de pensamento em questão.
Mas o que seria o Caminho da Mão Esquerda?
Bem, o Caminho da Mão Esquerda é o caminho da Razão, que está em oposição ao caminho da Emoção, que é o Caminho da Mão Direita.
Nele a lógica e o individualismo são o foco e cada um segue o seu caminho, particularmente, de forma solitária. Não existe a preocupação direta com o próximo. Ele segue a ideia de que, se cada um pudesse cuidar de si mesmo, ninguém precisaria pensar no próximo.
É o caminho que enxerga o aperfeiçoamento pessoal como um benefício ao mundo, afinal, quando você se dedica a algo construtivo se torna uma pessoa mais útil ao mundo.
Entender esse conceito é entender a base e a estrutura do Satanismo, que não é boa nem ruim. É apenas um dos caminhos que pode te levar ao processo de iluminação.
O dito “olho por olho e dente por dente” é uma ideologia muito comum aos adeptos desse Caminho. Não é regra, mas é assim que o Satanismo se desenvolveu.
Você responde em igual maneira à forma com que lhe tratam.
“Amar ao próximo” tem sido dito como a lei suprema, mas qual poder fez isso assim? Sobre que autoridade racional o evangelho do amor se abriga? Por que eu não deveria odiar os meus inimigos – se o meu amor por eles não tem lugar em sua misericórdia? (Bíblia Satânica)
A origem da expressão vem do Budismo, quando Buda diz que é possível atingir o Nirvana por dois caminhos, o “caminho da mão esquerda” e o “caminho da mão direita”. O único detalhe aqui é que ele considera o caminho da mão direita mais “correto” do que o da mão esquerda.
Nunca encontrei referências sobre quem foi o primeiro ocultista a adotar essa expressão, mas as obras mais antiga, da qual lembro ter visto esses termos, foram as de Eliphas Levi.
O Caminho da Mão Esquerda é também associado à Magia Negra e a Magia Sexual. No entanto, isso sempre gera um grande problema. Aliás, são os mesmos problemas que criam todos esses mitos e lendas acerca da Maçonaria e do Satanismo, que é a dificuldade que as pessoas tem em compreender conceitos.

Magia Negra

O que é a Magia Negra? Ela é o tipo de Magia que faz mau a alguém? Poderia ser essa a explicação?
Não, e as pessoas não deviam achar que isso faz sentido, afinal, é um tanto subjetivo fazer a avaliação sobre uma atitude ser verdadeiramente boa ou ruim (tanto para você como para a sociedade).
Os primeiros ocultistas definiram a diferença entre magia branca e negra baseada em princípios. Aquela magia que fosse feita de forma egoísta e egocêntrica (independente do propósito) seria aquela considerada Magia Negra, enquanto aquela que é feita com propósitos externos, visando o todo, seria a magia branca.
Ou seja, utilizar de artifícios metafísicos para ganhar alguma coisa, ou, para que alguém se prejudique, são atitudes que “estão no mesmo barco” – e é considerado Magia Negra.
A Magia Sexual está nesse processo pelo mesmo motivo. A Magia Sexual é feita para desenvolver os corpos espirituais por meio do fluxo de energia que corre entre o Masculino e o Feminino. Logo, ela também entra na conceituação de Mão Esquerda (e, para alguns, no conceito de Magia Negra).
Alguns podem estar se perguntando: “Então  é correto dizer que o Satanismo trabalha com Magia Negra?”
Sim, é correto, já que no Satanismo você emprega a sua Vontade para que o universo atraia aquilo que você considera bom para você. Mas tome cuidado para quem você vai dizer que “Satanismo é Magia Negra”.
Se coisas bem mais simples de se explicar – e de se entender – já se tornam “fantásticas” na “boca do povo”, imagine então uma afirmativa de impacto, como essa.
Além disso, Rituais feitos sozinho, geralmente tem a ver com o caminho da Mão Esquerda, da mesma forma que os procedimentos de meditação também – diferente do que acontece no caminho da Mão Direita.