quarta-feira, 13 de maio de 2015

Satanismo – Yazidis, os Satanistas da Antiguidade



Grande Anjo - Deus PavãoJá falamos mais amplamente no Satanismo na Idade Média Alta, na Idade Média Baixa e na Era Pré-Cristã. Mas hoje, falaremos sobre uma questão mais específica dentro da história do Satanismo.
Após esclarecidas as questões essenciais do Satanismo na Antiguidade, daqui pra frente vamos começar a falar de grupos e culturas que influenciaram, direta ou indiretamente, o pensamento Satanista.
Dessa forma, começaremos aqui com os Yazidis (que, apesar de serem conhecidos entre Satanistas, são completos estranhos para a maioria das outras correntes iniciáticas).
Os Yazidis tem sua origem na antiga Pérsia, onde começam também um dos Mistérios mais antigos do mundo, que são os Mistérios Persas.
Eles são um grupo curiosíssimo e são considerados por muitos como os primeiros Satanistas – lembrando aqui, ao leitor que não está habituado, que o Satanismo, em essência, trata sempre de um elemento opositor que realça as características do ser humano, contrapondo as questões místicas que condenavam o que deveria ser considerado natural para o homem.
Quando vemos a exaltação dos Titans, frente aos Deuses, estamos vendo uma manifestação de Satanismo na Grécia Antiga. Quando vemos um enorme culto a Set (o “Deus” inimigo de Hórus), estamos vendo uma manifestação de Satanismo no Egito Antigo e assim por diante. No caso dos antigos Persas, não foi diferente.
O Zoroastrismo foi uma religião Persa da antiguidade (uma das mais antigas do mundo) e tem por influência o antigo misticismo persa, que se iniciou por volta da época em que se iniciaram as primeiras manifestações místicas dos Egípcios, Hebreus, Gregos e afins.
O Zoroastrismo geralmente é a base para falarmos do universo Persa, no entanto, há outras variações do pensamento Persa devido ao fato de que a cultura Persa tinha vários deuses e vários cultos próprios.
Dessa forma, existiam doutrinas próprias que eram voltadas especificamente para algumas deidades, sendo o mais famoso deles o Mitraísmo (que ficou muito conhecido como a grande religião da Grécia, antes do Cristianismo).
Dentre todas as outras doutrinas específicas que existiram, temos o Yazidismo.
Se o leitor, por acaso, leu a obra Silmarillion (do grande Tolkien), verá grande familiaridade com essa estrutura (e, aos que não leram, fica aqui a minha recomendação dessa obra de grande valor literário – e místico, para quem conhece mais a fundo o misticismo das grandes religiões).
No universo, havia um único Deus que era energia e era o todo mas, ao mesmo tempo, um ser pessoal, pensante o suficiente para tomar atitudes diretamente conscientes.
Desse ser Uno, surgiram vários Deuses que nada mais eram do que manifestações de partes desse Deus. Tais manifestações eram encaradas como Deuses e eram chamados de Amesha-Spenta.
Esses Deuses eram os grandes responsáveis pelo funcionamento do universo, da “vontade divina”, dos elementos, das energias, da existência da vida no planeta e etc. Em outras palavras, cuidavam de todos os níveis da realidade cósmica.
Tais manifestações divinas (personificados em Deuses) se manifestaram “deuses menores” (associados a eles) que foram chamados de Yazatas.
Esses sim eram os deuses que se envolviam diretamente com a criação. Isso era o que estava realmente próximo de tudo que habitava a Terra e os seres vivos. É a partir desse ponto que passamos a olhar puramente pelo prisma Yazidi da questão.
Yazid foi, em teoria, o primeiro da linhagem dos Yazatas, que é onde aparece a figura de um Satan. É dele que se originaram os intitulados Yazidis, que são o foco desse Post.
Você se lembra da história dos “filhos dos deuses” que procriaram com as “filhas dos homens”? Eu já comentei sobre isso aqui no Blog explicando que, para muitos, tudo isso era apenas uma forma diferente de chamar os homens e as mulheres, já que todos somos filhos de Deus e, ao mesmo tempo, Filhos dos Homens.
Ou seja, seria apenas um recurso de linguagem para colocar a condição do homem acima da condição da mulher. No entanto, por mais que muitos acreditem nisso, não podemos deixar de conhecer as interpretações místicas dessa questão.
[Caso você nunca tenha lido isso na Bíblia, fica no Cap. 6 Ver. 1-4]
Essa história, apresentada na bíblia e em algumas outras Mitologias, era exatamente como os Yazidis encaravam a sua própria origem. Eles – os Yazidis – se diziam a cria direta dos anjos com as mortais. Mas a grande questão aqui é que esses anjos, como também eram reconhecidos pelas demais tradições, eram “anjos caídos”.
Muito antes do que se possa imaginar sobre a história da Humanidade, a ideia de “Satan” já estava ali, na forma do “Grande Anjo”, que era chamado de “Melek El Kout”, que não representava as virtudes que o homem teria que ter (como sempre foi comum nas características dos deuses). Ele representava aquilo que era sim muito humano e que deveria ser exaltado.
E é aqui que entra a grande questão envolvendo Lúcifer. Esse “Lúcifer Persa” teria sido realmente uma figura nociva para os céus, no entanto, já estaria redimido (dentro dos limites cabíveis). Mas não é tão simples como parece.
Esse Lúcifer, que segue pelas tradições ocidentais e que foi sendo construído durante séculos antes e depois de Cristo, e que atende pelo nome de Melek El Kout, também foi modificado.
Por ser uma das tradições mais antigas do mundo, não é possível simplesmente pegarmos um livro sagrado que diga exatamente como funcionava as suas regras e doutrinas.
Seus posicionamentos e mitologias foram se modificando ao longo dos séculos, apesar de manter a essência, e Melek El Kout é um bom exemplo disso. No começo de tudo, ele era o criador dos seres humanos (era apenas mais um dos semideuses), mas esse Grande Anjo foi se mesclando às ideias de Satan devido as afinidades.
De certa forma, podemos dizer que ele foi tanto influenciador como influenciado. Sua figura influenciou os demais seres satânicos/opositores que estavam a sua volta e, reciprocamente, o desenvolvimento desses seres acabou o influenciando de volta.

Yazidis Atualmente

A doutrina Yazidi foi estabelecida de fato no Século XII por ++++. Isso trouxe pontos positivos e negativos. Sendo um dos pontos mais positivos a regulamentação e estabelecimento da Doutrina. Mas o ponto negativo é o fato de que, após estabelecido, é mais fácil (para os opositores) saber o que precisa ser combatido.
Sua quantidade reduziu consideravelmente, principalmente devido ao crescimento das demais religiões e do peso que o Islã sempre teve naquelas regiões. Nos dias de hoje, eles ainda existem, mas como toda cultura, seria praticamente impossível que eles se mantivessem como sempre foram durante tantos séculos.
Eles mantém o estigma de Satanistas, o que é bem curioso pois, de fato, aos olhos do Satanismo, eles de fato o são (pois tem por base um deus shaitan). No entanto, quando os taxam dessa maneira isso faz com que eles precisem ser expurgados da sociedade, pois são considerados “o mau do mundo”.
Aliás, a forma que eles encontraram de se manterem vivos e atuantes durante muitos séculos foi o fato de sempre se converterem a religião local (que na maioria das vezes eram o Islamismo ou o Catolicismo Ortodoxo).
Eles ainda são perseguidos e cada vez mais existe cada vez menos Yazidis no mundo. Entretanto, será difícil que eles deixem de ser considerados a história viva de um dos maiores grupos influenciadores do Satanismo de todo o mundo.

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